sábado, dezembro 23, 2017

SALVAR O MONTEPIO?

O que tem de diferente o Montepio enquanto banco para que mereça ser salvo por uma injeção de dinheiro da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa? Tanto quanto sei este banco orientava-se pelos mesmos critérios de toda a banca comercial e se está em dificuldades é porque na busca do lucro fez más opções. Se os seus donos e gestores fizeram más opções ou se dedicaram a negócios duvidosos, sejam banqueiros gulosos ou associações, sejam geridos por gente gananciosa ou padres franciscanos, devem assumir as consequências.

O BPN foi mal gerido e os seus donos deixaram de o ser, o mesmo sucedeu com o BES e com o BANIF, em todos os casos os investidores que confiaram nos seus maus gestores, incluindo muitos pequenos clientes que foram ludibriados, foram penalizados, porque será que no caso do Montepio deve ser a Santa Casa a capitalizar um banco que pouco ou nada vale.

O que ganha o sistema financeiro português com um mau banco que o Estado ajuda a sobreviver nas mãos dos mesmos donos irresponsáveis? É mais do que óbvio que os mesmos senhores que agora têm poder para influenciar as decisões em seu favor no caso do Montepio voltarão a fazê-lo na próxima crise. A grande diferença entre o Montepio e os outros bancos é que os seus donos têm mais influência sobre a classe política.

O Montepio não faz falta ao sistema financeiro português, os seus donos demonstraram não terem condições para deter um banco e mesmo na hora de se salvarem foi o espetáculo a que se assistiu, não faz qualquer sentido que seja o país a pagar um balão de oxigénio. Também não faz sentido que os senhores da economia social passem a ser banqueiros à custa das receitas do jogo da Santa Casa. Digamos que esta não é propriamente uma boa causa.