terça-feira, outubro 17, 2017

AS COMUNIDADES TÊM DE SE MOSTRAR MAIS RESILIENTES

Já não bastava sermos demasiado piegas, gente com a tendência para procurar zonas de conforto e, a crer no lanzudo do Tavares, somos governados por ministros que em vez de andarem a combater incêndios estão entretidos com as benesses dos funcionários públicos.  

A crer nessa sumidade nacional que é Sousa Tavares o mês de Outubro devia ser declarado como o mês de campo do governo, o equivalente à semana de campo da tropa, um mês durante o qual em vez de andarem preocupado com benesses orçamentais para esses filhos da mãe dos funcionários públicos os ministros andariam ocupados com problemas nacionais. Que saudades que todos já temos do nosso belo orçamento, com vista para austeridade, nesses tempos as coisas eram como deviam de ser, em vez de servirem para dar benesses a funcionários e reformados, eram anunciados cortes de vencimentos, aumentos do IVA sobre bens alimentares e eletricidade ou cortes nas pensões desses inúteis de cabelo branco. Estou preocupado, se um dia arranjar uma namorada do CDS também ficarei a pensar desta forma?

Quem tem razão é a ministra porque confirma o que já tinha dito Passos Coelho, o mafarrico que está de partida, para ser substituído por um diabrete, já tinha dito que somos todos uma data de piegas, gente amaricada que não é capaz de viver com menos de 500 euro ou comer e calar depois de cortes de 30% dos rendimentos. Agora a linguagem é mais fina, já não somos piegas, em vez do adjetivo dos betinhos, a nossa condição é melhor caracterizada, as nossas comunidades são pouco resilientes.

As nossas aldeias estão cheias de gente amaricada que já não consegue apanhar um aguaceiro no lombo sem ter que ir para o centro de saúde com uma constipação. Somos um povo de medricas e fracos, mal vemos as primeiras labaredas desatamos a fugir, mijando pelas calças abaixo. Já não aguentamos o frio, não suportamos o calor, somos comunidades de fracos.

Não são só os ministros a precisarem de fazer semanas de campo em vez de andarem entretidos com orçamentos, são necessárias novas campanhas de dinamização cultural, com as meninas licenciadas na UAL a explicarem ao povo como se trabalha de sol a sol comendo pão com azeitonas, como é que se apanham azeitonas com os dedos enregelados pela geada, como é que se sobrevive com caldo-verde feito com as folhas da couve-galega, como se combatem incêndios apenas com as mãos. Estamos todos à espera que a nata nacional dos betinhos venham ensinar o país, os betinhos de boas famílias ensinam os ministros a preocuparem-se com coisas importantes e as betinhas dos corredores luxuosos do Estado vão ensinar as comunidades a serem mais resilientes.

O país está cheio de gente inteligente disponível para nos ajudar, explicam ao povo que tem de deixar de ser meio amaricado, sugerem destinos de emigração, ensinam os governos a preocuparem-se com o que é importante, dizem que não devemos ser piegas. Estas elites julgam que Portugal é um país de imbecis.