quinta-feira, julho 06, 2017

Umas no cravo e outras na ferradura



 Jumento do Dia

   
Rovisco Duarte, Chefe do Estado Maior do Exército

Se despedir comandantes à meia dúzia já é um erro, dizer que se mantém a confiança nos mesmos começa a ser anedótico. Mas dizer que são afastados para criar melhores condições para a investigação chega a ser ofensivo, significa que o chefe do exército receava que aqueles comandantes criassem obstáculos à investigação. Estando inocentes haverá alguém mais interessado do que aqueles cuja honra foi manchada pelo roubo?

Dizer que mantém a confiança ao mesmo que lança a suspensão é uma obra-prima do cinismo.

«O chefe do Estado-Maior do Exército (CEME) expressou, na reunião de segunda-feira da estrutura superior do ramo, "a sua máxima confiança" nos cinco comandantes que exonerou no sábado, após o roubo de material de guerra em Tancos.

A informação consta do documento distribuído ontem internamente, a que o DN teve acesso, para dar a conhecer à estrutura do Exército e de forma sintética o que foi dito em cada um dos diferentes pontos abordados.

No ponto 1, sobre o assalto ao Paiol Nacional de Tancos, o documento informa que o general Rovisco Duarte disse que "foram tomadas decisões difíceis, designadamente a exoneração de cinco comandantes das unidades com responsabilidades na segurança" daquela área, "reiterando que esta medida não deve ser interpretada como uma atribuição de culpabilidade dos referidos oficiais, relativamente aos quais sublinhou a sua máxima confiança, mas antes criar melhores condições para o desenvolvimento dos processos de averiguações".» [DN]

 Fanfarronice militar

Os oficiais são todos garbosos, as suas fardas apresentam-se impecáveis, tudo brilha como se fosse uma loja de cristais, é tudo armamento, na paradas apresentam-se com ar ameaçador, nos treinos os soldados levam o esforço e sacrifício até à morte, quem ouve falar os instrutores dos comandos deixa de conseguir dormir com pesadelos. Depois é o que se viu, entra-se num paiol de uma das maiores bases militares com mais facilidade do que na mercearia da esquina,

O país ficou a saber o que os ladrões de Tancos já sabia, que por trás de toda esta fanfarronice as vedações estão podres, os paióis estão escancarados e com pinheiros até à porta e os oficiais roubam nas compras da messe já lá vai para 30 anos.

      
 Mariana Mortágua aproveita-se dos argumentos da direita
   
«As perguntas foram feitas ao ministro das Finanças na audição desta manhã no Parlamento, mas as respostas não chegaram. O Bloco de Esquerda quer saber qual o valor exato das cativações feitas em 2016, qual o valor legalmente previsto para 2016 e 2017, e quer, sobretudo, que Mário Centeno discrimine, ministério a ministério, onde foram feitas estas cativações. Requerimento foi entregue esta quarta-feira no Parlamento.

“Hoje sabemos que o Governo manteve cativados 942,7 milhões de euros no ano passado, mas não sabemos que serviços afetaram, que ministérios afetaram, não sabemos que impacto tiveram essas cativações”, explicou a deputada Mariana Mortágua aos jornalistas na apresentação do requerimento do Bloco de Esquerda.


Em causa está o facto, explicou a deputada bloquista, de, depois de o Parlamento aprovar o Orçamento do Estado (com as respetivas autorizações de despesa discriminadas), o Governo ter o “poder discricionário” de alterar essas metas de despesa, por baixo, ou seja, através de cativações. “Isso passa-se à margem do Parlamento”, disse, exigindo por isso respostas.» [Observador]
   
Parecer:

Quando a direita percebeu que o governo conseguiu cumprir as metas do défice insinuou que só o tinha conseguido com as cativações, isto é, o governo teria recorrido ao Plano B tão exigido por Passos Coelho. Desde o princípio que as cativações sãio uma ladainha de Assunção Cristas e mesmo com um ambiente económico muito diferente o CDS ainda não mudou de disco.

Com o roubo de Tancos a direita insinuou que o governo teria cortado no investimento no setor, voltando ao argumento das cativações. Surpreendentemente a deputada do BE aderiu ao CDS, ainda que na fase mais oportunista da sua argumentação.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»