quinta-feira, junho 08, 2017

Umas no cravo e outras na ferradura



 Jumento do Dia

   
Sôr Álvaro, ex-ministro da Economia

O sôr Álvaro não perdeu tempo para vir a público secundar as declarações de Passos Coelho de que tinha feito grandes cortes nas rendas pagas à EDP. Mas o Sôr Álvaro não disse tudo, esqueceu-se de dizer que deixou cair o seu secretário de Estado da Energia cedendo às pressões das energéticas. O próprio Sôr Álvaro escreveu mais tarde que António Mexia até terá festejado a demissão com champanhe.

Será que terá sobrado alguma garrafa de champanhe a Mexia, dava jeito para que o Sôr Álvaro celebrasse os seus grandes sucesso como ministro da Economia.

«Em declarações ao PÚBLICO, o antigo ministro da Economia Álvaro Santos Pereira diz não ter dúvidas de que era preciso fazer mais na energia e alerta para a necessidade de não reverter o que foi feito.

Portugal ainda deveria ir mais longe no corte das rendas da energia?
No último relatório sobre Portugal que saiu este ano, a OCDE diz isso muito claramente. No anterior Governo cortaram-se 3,5 mil milhões de euros de rendas de energia. Antes desse Governo ninguém tinha cortado um cêntimo. O lobby da energia é um dos mais fortes que temos em Portugal. Pode-se cortar nas rendas de energia de muitas formas: pode ser nos CMEC [custos de manutenção do equilíbrio contratual], nas garantias de potência ou noutras formas. Foi isso que foi feito. Agora é importante que nos próximos anos, primeiro, quando houver um ajuste final dos CMEC, não haja reversão deste corte. É o primeiro ponto a ter em linha de conta e sobre o qual ninguém está a falar: não pode haver reversão dos cortes e não pode haver mais rendas paras as empresas de energia. Em segundo lugar, é importante criar as condições para haver mais concorrência. Para isso, as interligações entre Espanha e França são fundamentais. Mas também é preciso continuar a criar condições para cortar as rendas da energia, quer seja através de contribuições, como as que foram criadas, quer através de outros mecanismos que possam reduzir as rendas desses sectores que foram protegidos durante demasiado tempo e que criaram lobbies fortíssimos, com ligação ao poder político, e que tiveram uma influência nefasta no nosso país.» [Público]



      
 O KO no Gomes Ferreira
   
«Estive a ver a entrevista a António Costa. Em grande forma. O pafioso Gomes Ferreira até trazia gráficos para provar que o déficit desceu à séria com Passos, e que a economia já estava a crescer quando o Passos foi à vida para ocupar o cargo de primeiro-ministro no exílio. Ou seja, o Gomes Ferreira queria provar que o bom sucesso atual da economia portuguesa é da responsabilidade do Coelho e não deste governo.

Pois tenho que reconhecer que António Costa, com o qual nem sempre concordo mas que reputo ser um dos poucos políticos sérios deste país, é também um político muito hábil. Respondeu ao Ferreira com a citação do que este lhe tinha dito, há um ano, quando também o entrevistou na SIC. E nessa altura, Ferreira dizia a Costa que o país estava à beira do abismo, que a política seguida era uma catástrofe, tal como também o dizia o Passos. Ou seja, se o país estava tão mal como eles diziam, se a política seguida era tão horripilante, como podem os bons resultados ser da responsabilidade do governo anterior e não deste?

Em suma, o Ferreira queria provar três teses:


  1. Que o país não está tão bem como António Costa pensa que está.
  2. Que mesmo naquilo em que está melhor, o mérito é de Passos Coelho!
  3. Que a austeridade continua, na prática, ainda que o governo queira fazer crer que já acabou.
  4. António Costa esteve à altura. Desmontou os argumentos do Ferreira com grande argúcia e inteligência, mesmo que o entrevistador possa ter alguma razão, nalguns dos tópicos que avançou. Só que, Ferreira perde toda a razão quando usa esses tópicos para engrandecer as políticas pafiosas e desmerecer os méritos do actual governo.

Um entrevistador deve ser isento e tentar pôr o entrevistado a falar e a comunicar as suas opções e opiniões, respondendo a perguntas pertinentes. Ferreira não faz entrevistas, faz debates. Como se fosse candidato a uma qualquer eleição e tivesse António Costa como seu adversário político. É como se o árbitro fosse também ele jogador, calçando chuteiras e tudo.

O problema é que as chuteiras do Gomes Ferreira são alaranjadas com umas listas azuis, as cores pafiosas. E ele nem sequer faz questão de o esconder. Antes de entrar em campo deve telefonar ufano a Passos Coelho e dizer: “É hoje, vou dar cabo dele”. Só que, mais uma vez, foi à tosquia e saiu tosquiado.» [Estátua de Sal]
   
Autor:

Estátua de Sal.

      
 Ana Gomes venceu
   
«O gabinete do primeiro-ministro divulgou esta quarta-feira uma carta de José Júlio Pereira Gomes em que o embaixador afirma a sua “indisponibilidade para aceitar o cargo” de secretário-geral dos Serviços de Informações da República Portuguesa, para o qual António Costa o indigitara no início de Maio. Cerca de 40 minutos depois, emitiu um comunicado em que explica as diligências efectuadas e defende a actuação do embaixador em 1999, em Timor, e reafirma "a confiança que justificou a sua indigitação".

“Importando salvaguardar a dignidade do cargo de secretário-geral do SIRP de toda e qualquer polémica, que naturalmente se repercutiria negativamente no exercício das suas funções, resolvi comunicar a S. Exa. o Primeiro-Ministro a minha indisponibilidade para aceitar o cargo para que me havia convidado, agradecendo-lhe a confiança em mim depositada”, escreve o embaixador em Estocolmo.» [Público]
   
Parecer:

Não consegue chegar a ministra dos Negócios Estrangeiros mas tem tido um grande sucesso na oposição aos governos do PS.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Vomite-se.»