quinta-feira, março 16, 2017

Não há pachorra

Parece que agora a moda é os ex-presidentes virem escrever livros para se “pegarem à porrada” com os ex-primeiro-ministros com que trabalharam. Aconteceu recentemente com Cavaco Silva e não tardou a suceder, desta vez com Jorge Sampaio. Ao contrário de Mário Soares e Ramalho Eanes que não escreveram memórias, o que não os impediu de continuarem a ter uma presença na política, Cavaco Silva e Sampaio parece quererem cantar o “ó tempo volta para trás”.

Santana Lopes já disse que ira responder a Sampaio escrevendo também o seu próprio livro e vamos anda a discutir livros que ninguém compra, apenas com base nas citações que os jornalistas republicam nos dias que antecedem o lançamento. Até parece que o país não tem mais nada que fazer do que andar a discutir o passado, ainda por cima coisas tão “importantes” como as coscuvilhices do Pedro Santana Lopes.

Sampaio foi presidente há mais de 10 anos o que significa que começa a fazer parte de um tempo em que a maioria dos nossos jovens ainda andava no ensino básico. Quanto a Santana Lopes quase aposto que uma boa parte dos eleitores já não se recorda que foi secretário de Estado da Cultura de um governo de Cavaco Silva, um cargo que ocupou uns tempos depois de se ter metido nuns negócios agrícolas.

A verdade é que independentemente do papel de cada um deles no passado são poucos os cidadãos que neste momento querem saber quantas facadas levou o menino Jesus que tentaram matar à nascença, ou a que boa ou má vida se referia Sampaio na sua declaração de que havia mais dívida para além do défice.

Começa a ser tempo de o país deixar de estar na dependência dos amigos de Cavaco Silva, Jorge Sampaio, Santana Lopes e mais uma dúzia de políticos que não conseguem conviver com um país em mudança, que carece de uma nova geração de políticos, de empresários, de banqueiros, bem como discutir os problemas do futuro, em vez de andar a perder tempo com debates sobre histórias menos felizes.

A maioria dos portugueses querem ver soluções para os grandes problemas, os país porque sabem que as tretas entre Sampaio e Santana não resolverão qualquer problema, os filhos porque não sabem nem querem saber quem foram os políticos de há uma ou duas décadas. Além disso, há-de haver tempo e gente mais habilitada para escrever a história.