quinta-feira, setembro 03, 2015

Umas no cravo e outras na ferradura



   Foto Jumento


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Flores do Jardim Gulbenkian, Lisboa
  
 Jumento do dia
    
Rui Rio

Ainda há poucas semanas Rui Rio mostrava-se muito ofendido e indignada porque a comunicação social dava conta da sua intenção de se candidatar. É óbvio que alguém próximo de Rui Rioi deu a dica, para que este pudesse chamar a si o estatuto de vítima.

Rui Rio é um político que gere a sua imagem e desde há muito tempo que tenta passara a imagem do político que não foi produzido pelo sistema. Só que de entre os vários candidatos presidenciais este tem sido o mais calculista e o que mais se tem identificado com os métodos do sistema, representando o pior que ele tem. Enquanto se indignava porque a comunicação social anuncia a sua candidadatura ou vai ao clube dos pensadores denegrir a política reúne-se em segredo com Marco António para que este seu mentor presidencial acerte os pormenores do lançamento da sua candidatura.

É cada vez mais do que óbvio que este político tem vindo a preparar a sua candidatura com a liderança do PSD e apenas não dá a cara porque ainda não tem certezas quanto aos resultados. Ri Rio não concorrerá se perceber que vai sair derrotado e que não terá hipóteses de vencer e isso depende, antes de mais, do resultado das legislativas. Rui Rio é o mais calculista dos políticos que se apresentam como pré-candidatos às eleições presidenciais. E ele pudesse adiava a apresentação da sua candidatura até à segunda volta das eleições. Até lá vai lançando a candidaturas sem a assumir, para que possa desistir sem ter de assumir os custos do seu calculismo oportunista.

«Só depois das eleições legislativas é que os portugueses têm disponibilidade para pensarem nas presidenciais. É assim que Rui Rio justifica, num artigo publicado esta quarta-feira no Jornal de Notícias (JN), a decisão de adiar para depois das eleições legislativas para anunciar a sua decisão sobre se vai ser ou não candidato presidencial. Sem dizer com todas a letras que vai avançar para Belém, Rio admite que o regresso à vida política pode estar para breve.

No artigo intitulado “Presidenciais: Ponderação em nome da responsabilidade”, o ex-presidente da Câmara Municipal do Porto diz que o timing escolhido pretende evitar uma escolha “tática” – admite que teria vantagens e que ponderou ser candidato ainda antes das legislativas, sobretudo para “montagem da logística” e do financiamento da campanha. Mas logo explica que essa antecipação traria problemas: “Aqueles que desejam a derrota da coligação [nas legislativas] não deixariam de procurar intoxicar a opinião pública”, dizendo que, tal como Maria de Belém dividiu o PS, também o meu anúncio teria provocado uma enorme fratura numa coligação que estava vencedora e que, por esse facto, poderia deixar de o ser”.» [Oservador]

 Funeral eleitoral

Compreende-se a consternação provocada por um  triplo homicídio, causa repulsa e merece ser investigado para se perceber todos os contornos porque há algo de errado quando alguém com 70 anos e sem antecedentes criminais comete um acto de loucura extremo como aquele a que assistiu a Quinta do Conde.

Compreende-se também que um agente morto em serviço tenha um funeral com honras militares como homenagem póstuma a quem perdeu a vida ao serviço da sociedade. Já no caso da morte de um agente de uma força de segurança que não estava em serviço e em consequência de disputas entre vizinhos é questionável que seja montado o aparato oficial a que se assistiu e que compareçam a título oficial a ministra da Administração Interna e o primeiro-ministro. Se assim for é caso para perguntar se o mesmo sucede com todos os servidores públicos, desde os bombeiros a muitos outros cidadãos que exercendo tal tipo de funções falecem em consequência  de causas que nada tenham que ver com o exercício da sua profissão.

Depois de vermos Passos Coelho a exibir a doença da esposa para obter votos é a vez do recurso a funerais para dar ares de um homem sofre com a desgraça alheia. Desesperado por cada voto que possa conseguir Passos Coelho aposta tudo nos agentes da PSP, começou por lhe dar um estatuto que quase contempla uma praia da PSP na Messejana, agora oferece funerais de Estado a um agente da PSP só por ter sido seu motorista.

 Mais uma personagem da banda desenhada?

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 O relatório da UTAO

Houve um tempo em que sem forma de criticar os cenários macroeconómicos dos economias convidados pelo PS os espertalhões sugeriram que os mesmos fossem apreciados pela UTAO. Entretanto, a UTAO tem vindo a publicar relatórios sobre o desempenho orçamental do governo e os tais espertalhões ficam caladinhos como ratazanas cobardes.

O Relatório da UTAO hoje divulgado diz o seguinte:
I
1 - O défice do Estado entre janeiro e julho de 2015 é de 5.311 Milhões de euros;
2  - O Orçamento de Estado (OE) para 2015 prevê para o conjunto do ano (de janeiro a dezembro) um défice de 4.906 Milhões de euros;
3  – Ainda vamos a pouco mais de meio do ano e o governo já ultrapassou o valor de todo o défice que ele próprio havia previsto para todo o ano. Significa isto que das duas uma:
3.1    – Ou entre agosto e dezembro o governo consegue obter receitas superiores às despesas, invertendo radicalmente a tendência verificada até julho, o que nunca aconteceu em anos anteriores;
3.2    - Ou então Portugal vai incumprir mais uma vez a meta do défice, frustrando-se a garantia que o governo havia assumido como prioritária de sair do procedimento de défice excessivo.

II
1 -  A receita fiscal cresceu até julho em 2,9%. A taxa de crescimento prevista no OE para 2015 é de 4,3%. O crescimento está abaixo do orçamentado;
2 - O governo prevê devolver aos contribuintes 25% da sobretaxa do IRS, porque apesar de as receitas fiscais estarem abaixo do previsto, as do IRS e do IVA estão acima da previsão (para efeitos da devolução da sobretaxa só contam as receitas do IVA e do IRS, que cresceram 4,4%, acima do previsto no OE, que é de 3,7%);
3 - O crescimento das receitas do IVA e do IRS está empolado artificialmente, porque está em atraso o reembolso de 262 milhões de euros (esta manipulação era de 260 milhões até junho e de 191 milhões até maio, pelo que a manipulação se tem vindo a agravar);
4 - O valor da sobretaxa que o governo prevê devolver é de cerca de 200 milhões. Se esses reembolsos fossem pagos a tempo e horas não haveria qualquer devolução da sobretaxa.

III
Conclusões:
1 - A devolução da sobretaxa é uma ilusão de campanha que existe apenas por força de um conjunto de artificialismos e que desaparecerá como que por magia depois das eleições;
2 - Para haver devolução da sobretaxa o governo teria que adiar ilegalmente para 2016 o pagamento de reembolsos que deveriam ser pagos ainda em 2015, resultando daí que:
2.1.       Se estaria a prejudicar a execução orçamental de 2016, e portanto o desempenho do próximo governo, transportando-se para esse ano despesa fiscal de 2015;
2.2.       Esse prejuízo seria agravado pelo próprio pagamento da sobretaxa, que ocorreria também em 2016;
2.3.        Assim, o governo iniciaria o exercício de 2016, logo com um défice de cerca de 460 milhões de euros (260 milhões do pagamento de reembolsos do IVA que deveriam ter sido pagos em 2015, mais os 200 milhões de devolução de 25% da sobretaxa);
2.4.       Tudo isto agravado com a violação do objectivo do défice para 2015 e o correspondente crescimento da dívida pública.
3.       As contas do Estado estão convertidas numa brincadeira de crianças.

      
 Somos poucos atrevidos nos pés, diz a santinha da Horta Seca
   
«Na Ambitious, uma empresa de Guimarães que fatura 10 milhões de euros está a crescer 25% este ano e exporta 99,9% do que faz para 38 países, da Europa ao Japão, EUA ou Colômbia. Pires de Lima quis saber porque é que o empresário Paulo Martins não vendia no mercado nacional. Soube então que as coleções não seriam muito adequadas ao gosto do consumidor tradicional português porque tinham uma dose “de atrevimento” e, de imediato, conclui que “somos pouco atrevidos nos pés”.» [Expresso]
   
Parecer:

Pois, às vezes somos mais atrevidos noutras partes do corpo.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a alguém que siga o exemplo do ministro seja atrevido nos pés ao ponto de le dar um pontapé no seu rico traseiro.»
  
 Gente irresponsável
   
«Governo afasta-se e pressiona Banco de Portugal a vender antes de arrancar a campanha eleitoral. Não fechar negócio com a Fosun - ou, numa segunda fase, a Apollo - levará o défice aos 7%.

A suster a respiração. Estarão neste momento o primeiro-ministro e a ministra das Finanças. O fracasso, na primeira fase das negociações para a venda do Novo Banco, pode ser a primeira grande pedra no calcanhar do Governo, em plena pré-campanha. Passos Coelho e Maria Luís Albuquerque só vão poder inspirar de novo, tranquilamente, o ar, caso a venda seja um sucesso e possa ser apresentado como trunfo político. Porém, poucos acreditam que, tendo falhado com o candidato que oferecia mais capital, que agora, com o Estado numa posição mais fragilizada, venha a correr melhor.

Ontem, depois de se saber que o Banco de Portugal (BdP) tinha excluído os chineses da Anbang, as declarações políticas oficiais, quer do Governo quer do maior partido da oposição, foram cautelosas. Maria Luís Albuquerque entregou ao BdP todo o ónus de responsabilidade: "O Banco de Portugal é que é a autoridade da resolução nos termos da lei e a quem está atribuída a competência da venda. A mim cabe-me apenas acompanhar e desejar que as negociações corram pelo melhor", disse, à margem de uma visita ao porto de Setúbal.» [DN]
   
Parecer:

Negociar um banco com um interessado que sabe pela comunicação social que o governo pressiona no sentido de uma venda à pressa é o equivalente a vender a preço de saldo. O governo não se cansou de acusar o PS de desvalorizar a posição do Estado na venda da TAP, agora quer vender o Novo Banco a qualquer custo, não se importando que o país venha a perder muitos milhões só para que a direita não perca mais votos.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Denuncie-se.»

   
   
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