quinta-feira, setembro 24, 2015

Umas no cravo e outras na ferradura



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 Jumento do dia
    
Maria Luís Albuquerque

Passos Coelho disse por várias vezes que o governo estava em funções e iria ter plenos poderes até ao último dia do seu mandato. É uma pena que esse princípio não seja respeitado na hora de assumir e dar explicações e que em vez de estar em Lisboa dando a cara pelo défice e pelo Novo Banco a ministra Maria Luís Albuquerque prefere andar escondida atrás das doses de lombo assado de Setúbal.

 Jornalismo de sarjeta

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É uma pena que as escolas de jornalismo não estejam a ensinar conceitos elementares como democracia, honestidade, ética, verdade, ou que patrões da comunicação social como Pito Balsemão tenham perdido a vergonha e tratem os seus jornalistas como canitos. Um bom exemplo deste tipo de jornalismo sem valores é-nos dado pela notícia do Expresso relativa à campanha de António Costa em Viseu.

Leio no título que "Costa passou por Viseu mas a festa não correu bem" e fico curioso por saber o que terá corrido mal a Costa na sua passagem por Viseu. Vejamos então o que correu mal:
  • Manhã de terça-feira, a arruada foi curta, embora marcada pelo entusiasmo e a iniciativa dos jovens que acompanham a caravana do líder e que se juntaram aos da terra.
  • De discurso político, o tom havia sido dado logo pela manhã, na entrevista à TSF. Chegara à altura de responder aos ataques da coligação e por fim à polémica dos cortes e poupanças da segurança social, num almoço marcado para apoiantes. Ponto final, portanto.
  • Gerida agora pelos socialistas, foi difícil encontrar gente da terra para ver passar o candidato que acabou por viver um insólito momento do passado - numa visita aos bombeiros, alinhados em parada como nos seus tempos de ministro, com passagem pelos Kamov que ali estão também ainda dos tempos do ministro da Administração Interna António Costa.Falou menos, mas foi eficaz: o discurso curto foi certeiro e mordaz nos ataques. A ajudá-lo, para além da cabeça de lista, Maria Manuel, a estrela João Galamba. Ele também gosta de malhar na direita e desta vez foi em Portas. A casa vibrou.
  • Falou menos, mas foi eficaz: o discurso curto foi certeiro e mordaz nos ataques. A ajudá-lo, para além da cabeça de lista, Maria Manuel, a estrela João Galamba. Ele também gosta de malhar na direita e desta vez foi em Portas. A casa vibrou.
Se isto é correr mal, o que será para o proletário do Expresso de Pinto Balsemão Rui Duarte Silva correr bem? Enfim só dá vontade de o mandar para um sítio que ficou famoso graças ao saudoso Almirante Pinheiro de Azevedo, que tratava este tipo de gente pelo nome.

Mas vale a pena dar uma olhadela à forma como o Expresso apresenta a campanha eleitoral, parecendo que neste momento o José Manuel Fernandes, o dinossauro da quase extrema-direita que foi redactor da Voz do Povo e agora é o ideólogo do Observador, que dirige o jornal do Balsemão:

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O destaque vai para o BE, que convém ser levado ao colo para tirar votos ao PS e ajudar mais uma vez a direita, da última vez ajudou a derrubar a esquerda no poder, agora ajuda a direita a ter mais votos. Quanto a António Costa já se sabe, foi uma desgraça em Viseu. Com o PSD é que tudo corre bem e até se sugere a galeria de imagens, será que a Maria Luís aproveitou a campanha em Setúbal para se fazer fotografar para a capa da Cristina Ferreira?

 Os alemães e os finlandeses, os portugueses e os gregos

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O que torto nasce, tarde ou nunca se endireita

Eu ainda sou do tempo em que os alemães e os finlandeses eram donos de todas as virtudes, gente honesta, competitiva, rigorosa, que não vivia nem ganhava dinheiro à conta de expedientes. OS portugueses e os gregos eram manhosos, aldrabões nas contas, pouco dados ao trabalho, nada competitivos, trafulha nas contas, vivendo acima das sua possibilidades e à custa dos pobres alemães.

Era um tempo em que se ia dia sim dia não lamber os ditos cujos ao senhor das Finanças, em que a ministra se prestava a encenações no ministério das Finanças alemão e em que todos os dias o primeiro-ministro portuguesa fugia dos gregos como se fossem leprosos.

Nesse tempo a VW era uma empresas exemplar, que competia com base nos preços, na qualidade e no rigor e honestidade dos alemães, um povo exemplar e acima de qualquer suspeita. Os eram os gregos e os portugueses, ainda ue estes por serem graxistas eram um pouco melhores do que os primeiros.
 
 Os portugueses e os sírios

As imagens das televisões mostram-nos professores, engenheiros gente qualificada que foge da Síria, falam perfeitamente inglês, apesar das circunstâncias apresentam-se exemplarmente limpos e c om as crianças num mimo, dizem que fogem e querem um futuro melhor.

Vejo na televisão a ministra de um governo que começou por assobiar para o ar, quando se deu um incidente com a extrema-direita alemã que levou a senhora Merkel, a mesma que semanas antes fez chorar uma criança palestiniana, refugiada que fugiu da Faixa de Gaza, dizendo-lhe que não avia lugar para ela na Alemanha a ter muita pena dos refugiados sírios, o governo português disse aceitar 1800 refugiados, agora já a ministra fala em 4000.

Isto significa que a União Europeia vai ter um problema difícil entre mãos que é escolher os sírios que desejando ir para a Alemanha ou para o Reino Unido vão ter o azar de serem escolhidos para que Passos Coelho os possa exibir como símbolos da sua boa vontade cristã.

A verdade é que nos últimos anos foras mais os quadros e trabalhadores portugueses que procuraram refúgio noutros países, dos que os sírios que chegaram à Europa, pelo que vai ser difícil convencer os engenheiros, professores e médicos sírios a procurarem refúgio num país de onde são mais os refugiados do que os sírios da Europa.

Esperemos que daqui a uns tempos não vamos ter sírios duplamente refugiados a pedir asilo na Espanha.

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A crise dos refugiados portugueses na capa do CM de hoje
    
 Um banco a custo zero

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Se o Novo Banco fica a custo zero porque não ficamos com ele e lhe mudamos o nome para Banco Zero?

O raciocínio da direita é simples, Sócrates foi culpado por tudo o que se passou em consequência da falência do Lehman Brothers, mas Passos Coelho não tem qualquer responsabilidade no BES e até resolveu o problema sem dívida, sem dinheiro e sem custos para os contribuintes. Até apetece perguntar porque razão não aproveita a ideia e nacionaliza toda a banca privada a custo zero.

Se fosse noutros tepos os nossos correspondentes em Bruxelas já teriam pedido esclarecimentos à Comissão sobre as consequências e que medidas seria necessário adoptar para corrigir a situação criada. Mas para salvar Passos vão deixar as perguntas para depois das eleições.

 E que grande brasa!

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 O acidente de Alcafache de Passos Coelho

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Nas eleições de 1985, ganhas pelo Cavaco, pela primeira vez, houve um acontecimento determinante dos respectivos resultados - o terrível acidente de Alcafache. Esse acidente, ocorrido cerca de um mês antes das eleições, mostrou um Portugal atrasado, desorganizado e perigoso.

O país estava a saír, como agora, de um período de resgate (iniciado em 2003), já com indicadores claros de retoma da economia, que mais tarde viria permitir o oásis cavaquista. Na altura o Almeida Santos era o candidato do PS a PM e esforçava-se por mostrar um país moderno, eficiente e a crescer. Alcafache destruiu essa discurso.

(Nessas eleições o Cavaco fingiu muito bem que o PSD não esteve no governo do Bloco Central então no poder e ganhou as eleições, pior, ele que com uma revalorização nacionalista e imbecil do escudo obrigou o país a pedir ajuda, aparecia agora como salvador da Nação.

Eu penso que o caso BES é o Alcafache deste governo. O fim da fantasia eleitoral ( e neste caso, mentira descarada) e o regresso à realidade. Se o BPN provocou a vinda da troika, o corte das pensões e dos vencimentos e o enorme aumento de impostos, o BES vai provocar o mesmo, mas em dimensão proporcional. Ficámos hoje a sabê-lo. O país não vai aguentar e provavelmente teremos um novo resgate, agora se calhar idêntico ao de Espanha, que tinha um problema idêntico com as Cajas de Ahorros.

A estória do Passos, de que o dinheiro está a render, é um insulto. Também podemos dizer aos lesados do BES que tenham calma, que o seu dinheiro está a render, e que se tudo correr bem até recebem com juros. Isto só revela o grau de inconsciência do homem e a impunidade com que julga que pode atuar.

Neste caso o governo mentiu aos portugueses, mentiu quando disse que não ia ter custos, mentiu e falhou quando tirou Vítor Bento da administração do ainda BES com o argumento da venda rápida e mentiu e faolhou novamente ao reconduzir Carlos Costas na liderança do BdP com o argumento de era quem estava em condições para vender rapidamente o Novo Banco. Não só mentiu como todo o processo BES, desde a crise até agora, foi gerido mais em função da agenda pessoal de Passos Coelho do considerando o interesse nacional.

      
 A factura para quem vier a seguir
   
«No entanto, as contas do primeiro semestre do ano, tipicamente mais negativas, deixam antever um desafio complicado para a segunda metade do ano. Só nos primeiros seis meses, o défice atingiu os 4,7% do PIB, longe dos 2,7% da meta para o total do ano. A conta é feita ao défice dos primeiros seis meses, com os resultados do PIB também dos primeiros seis meses.

Mas quando se olha para o valor, o resultado parece ser ainda mais negativo. Sem melhorias nos saldos dos vários subsetores das administrações públicas, o Estado teria menos de 770 milhões de euros de aumento do défice para chegar às contas que o Governo está a fazer.

Na previsão do Ministério das Finanças que foi enviada ao INE, o défice das administrações públicas, em contabilidade nacional, atingiria um máximo de 4860,1 milhões de euros no total do ano. No entanto, só nos primeiros seis meses este défice atingiu os 4.092,9 milhões de euros.» [Observador]
   
Parecer:

Este governo vai deixar o país como o encontrou, mas com pior Estado, com menos qualificação e mais dívida.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Proteste-se.»
  
 485 mil fugiram do país
   
«Portugal lidera a emigração entre os 34 países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE). Em 2013 saíram do nosso país 128 mil emigrantes, revela o relatório ‘Perspetivas das Migrações Internacionais - 2015’ publicado esta terça-feira. Tendo em conta a emigração registada desde 2011, e de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística, em 2011 partiram 101 mil, em 2012 mais 121 mil e em 2014 foi alcançado o valor mais elevado, com 135 mil. No total, nestes quatro anos emigraram 485 mil. São perto de meio milhão de portugueses, sendo que cerca de 60% permaneceram no estrangeiro por um período inferior a um ano. 

De acordo com os dados da OCDE, os emigrantes portugueses de longa duração que foram viver para os países da organização entre 2011 e 2013 totalizaram 178 mil. Refere o relatório que há também uma fatia importante da emigração que teve por destino países fora da OCDE, como o Brasil, Angola ou a Venezuela. Portugal é o segundo país da Europa com mais população residente no estrangeiro em percentagem do número de habitantes do país, e o terceiro país se contabilizados os 34 estados-membros da organização.» [CM]
   
Parecer:

Agora quero saber quantos sírios quererão vir para Portugal.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Proteste-se.»
  

   
   
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