segunda-feira, agosto 24, 2015

Umas no cravo e outras na ferradura



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Pernilonga, Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António
  
 Jumento do dia
    
Margarida Marques, candidata a deputada por Leiria

Mandaria o bom senso que os candidatos a deputado resistissem ao populismo e não se metessem em assuntos sensíveis como a pesca da sardinha, juntando-se a sindicatos e armadores numa tentativa de desrespeito de quotas que não foram contestadas. Os pescadores de Peniche e da Nazaré sabiam quantas toneladas de sardinha podiam pescar e em que meses o podiam fazer, se pescaram a sua quota antes do fim do prazo é um problema deles, piro seria se devido a mau tempo tivessem sido impedidos de ir para o mar e viessem agora solicitar autorização para pescar fora do prazo.

A verdade é que na costa portuguesa quase não existem sardinhas e o facto de serem encontrados cardumes é apenas um bom sinal a preservar e não um incentivo à intensificação da pesca. Se os pescadores pudessem pescar sem limites há muito que não existiria um caranguejo na nossa costa e nem os cabos submarinos escaparia à razia dos arrastões.

Tanto quanto se sabe a senhora candidata a deputada não é uma especialista em pescas e o facto de querer representar os eleitores de Leiria significa que também deve estar preocupada com a sustentabilidade dos recursos e não com os interesses de um grupo de profissionais pouco preocupado com o futuro.

«A cabeça-de-lista do PS pelo círculo de Leiria, Margarida Marques, acusou, este sábado, o Governo de não ter feito nada para evitar a interdição da pesca da sardinha em Peniche e Nazaré devido ao esgotamento da quota permitida. 

A candidata a deputada esteve hoje reunida com a OPcentro, organização que reúne os pescadores de Peniche e da Nazaré, a propósito da interdição de captura de sardinha que desde hoje está em vigor naquelas regiões, por ter sido esgotada a quota local de captura.
"Nós respeitamos as recomendações [científicas] sobre as quotas. Agora, o que ouvimos é que não foram feitas diligências por parte da senhora ministra [da Agricultura] no sentido de encontrar soluções para o problema", disse Margarida Marques à Lusa, após o encontro com os operadores locais.

Segundo a candidata socialista, o Governo não soube antecipar o problema e agora também não parece preocupado em o resolver, apesar das consequências sócio-económicas, e Margarida Marques afirmou que a solução poderia passar por um acordo com o governo espanhol » [TVI24]

      
 Sete razões para o PS não apoiar Maria de Belém
   
«Pessoalmente, Maria de Belém é uma pessoa encantadora, de uma enorme gentileza e que exerceu sem rasgo mas com competência as funções públicas que lhe têm sido confiadas. Mas a sua decisão de avançar com uma candidatura à Presidência da República tem obviamente de ser apreciada politicamente. E há sete razões para o PS não a apoiar.

1) Esta candidatura não nasce por convicção mas por reação – reação ao possível apoio do PS a Sampaio da Nóvoa, que alguns notáveis do PS não apadrinham nem aceitam. Não é um bom motivo para avançar. Até agora nunca Maria de Belém tinha dito uma palavra ou passado uma mensagem que permitisse adivinhar que o seu grande desígnio era um dia ocupar o Palácio de Belém.

2) Esta candidatura nasce contra a atual direção do PS. Maria de Belém era presidente do partido por indicação de António José Seguro. Esteve discretamente com ele quando António Costa desafiou a sua liderança e o afastou do cargo de secretário-geral do PS. Ficou seguramente magoada quando Costa a substituiu por Carlos César. Agora serve a sua vingança. Fria, como é da norma para doer mais.

3) É verdade que Maria de Belém, durante uma ação de campanha (a entrega das listas de deputados do PS às próximas eleições legislativas), aproveitou para anunciar a Costa que se ia candidatar a Belém, como se essa fosse uma questão de somenos que se resolvesse com uma conversinha num canto de um corredor de um tribunal. Mas fazer depois o anúncio público quando António Costa estava num direto da SIC, esvaziando a mensagem que ele pretendia passar e obrigando-o a voltar ao tema das presidenciais quando ele tem insistido que o importante neste momento são as legislativas foi no mínimo, para ser simpático, uma enorme deselegância. Para ser antipático, foi uma facada nas costas.

4) A forma como todo o processo está a ser conduzido por Maria de Belém desvia as atenções do essencial – as legislativas – e lança ainda mais confusão, se preciso fosse, no campo socialista, já a braços com uma campanha que tem sido bastante acidentada. Numa análise pura e dura, quanto pior for o resultado do PS nas legislativas, melhor será para a candidata na sua corrida a Belém, já que os portugueses têm por norma não colocar todos os ovos no mesmo cesto. Ora objetivamente com esta sua decisão, da forma e no tempo que a anunciou, Maria de Belém está a prejudicar os resultados eleitorais do PS nas legislativas. Sendo militante do PS, é imperdoável o que fez.

Maria de Belém no fundo está a apostar (mesmo que não deliberadamente, mesmo que não conscientemente) na derrota dos socialistas nas legislativas e na substituição de António Costa

5) Maria de Belém apresenta-se apoiada por Manuel Alegre (seguramente porque Alegre é um cavalheiro e está agora a pagar o favor que Maria de Belém lhe fez quando foi a sua mandatária nacional em 2011 na altura em que o histórico socialista se candidatou à Presidência da República), por Vera Jardim (que é seu amigo de longa data), por Nuno Júdice (um enorme poeta, que muito admito) e por Eurico Brilhante Dias (um dos braços direitos de Seguro). São pessoas que muito aprecio e que conheço pessoalmente. Depois, tem ainda os apoios de uma diretora da Associação Nacional de Farmácias, do presidente da Amorim Turismo, de outra administradora agora do grupo Altis, de um gestor do BES Numismática e de um gestor do Instituto Português de Estudos Maçónicos. Para já, claro. Outros apoios aparecerão. Em contrapartida, houve dois notáveis militantes do PS, ex-Presidentes da República, um dos quais por acaso é seu fundador, que apoiam outra candidatura (Mário Soares e Jorge Sampaio) e outro ex-presidente da República (Ramalho Eanes) que também apoia a outra candidatura que visa ganhar o apoio socialista e que já está no terreno há algum tempo. As pessoas valem todas a mesma coisa. Mas há uns que têm mais peso politico perante os eleitores do que outros. Ou seja, há claramente uma diferença substancial do peso dos apoios entre Maria de Belém e Sampaio da Nóvoa. E não é a favor da candidata.

6) Por mais voltas que dê, Maria de Belém veio objetivamente dividir o campo socialista nesta matéria, tanto mais que se conhecem há muito uma série de sinais de que o líder do PS iria apoiar Sampaio da Nóvoa. Que outra pessoa do campo socialista mas não militante do PS apresente a sua candidatura aceita-se sem reservas. Que isso seja feito por alguém que participa nas reuniões na sede do partido no Rato já é menos compreensível – e não é seguramente inocente. Quem desafia a linha oficiosa do partido não merece seguramente ser apoiada por ele, pelo menos enquanto for António Costa o secretário-geral do PS.

7) Finalmente, o atual PS não pode apoiar Maria de Belém porque, no fundo, ela está a apostar (mesmo que não deliberadamente, mesmo que não conscientemente) na derrota dos socialistas nas legislativas e na substituição de António Costa – pela única e simples razão de saber que, com Costa, não terá nem, cargos, nem prebendas, nem sinecuras nos próximos anos se este chegar a primeiro-ministro. O regresso de Seguro é o seu seguro de vida política futura. Maria de Belém está a trabalhar para isso.» [Expresso Diário]
   
Autor:

Nicolau Santos.

 A confiança e os impostos
   
«Em Portugal, 93% dos contribuintes pagam os impostos voluntariamente, incluindo muitos trabalhadores por conta de outrem. Porque somos sempre tratados como bandidos?

Há  uns meses, o psicólogo social Jorge Vala, catedrático jubilado do ISCTE e investigador-coordenador do Instituto de Ciências Sociais, contou ao PÚBLICO um episódio inesquecível: quando colaborou no Estudo Europeu sobre Valores de 1990, a equipa internacional questionou a equipa portuguesa sobre “se não haveria algum erro” nos números que Portugal enviara sobre a nossa taxa de confiança. Era estranhamente baixa. Como sabemos, não havia erro.

O mais recente Estudo Europeu sobre Valores é de 2013 e mostra que, numa escala de 1 a 10, estamos em 3,5 no critério “confiança nas pessoas”.

Neste domingo, publicamos uma reportagem sobre a relação que os dinamarqueses têm com os impostos e a sua máquina tributária. É a nona reportagem da série 12 Ideias para Portugal que organizámos em ano de eleições legislativas. Fizemos uma viagem pela Europa à procura das soluções que os nossos vizinhos encontraram para resolver problemas que na essência são iguais aos nossos. O copy-paste de fórmulas não resulta, mas os sucessos que encontrámos são uma inspiração para melhorar Portugal.

O fisco na Dinamarca é um exemplo paradigmático. Os nossos enviados descobriram que em dinamarquês skat significa “querido” mas também “imposto”. E que por detrás disso está uma realidade estranha e fascinante. Acima de tudo, na Dinamarca domina a confiança. O sistema confia no contribuinte e todos se sentem responsáveis pelo bem comum. Não pagar os impostos é um insulto. O governo diz que se o fisco detecta um erro nas declarações parte do princípio de que foi um engano, não uma mentira. O sindicato diz que a execução de uma dívida só avança depois de ouvida a pessoa. Isso reflecte-se na forma como o sistema se dirige aos contribuintes. Quem em Portugal, tendo um currículo de bom pagador, sem dívidas ao fisco, à PSP, ao banco ou sequer à Emel, sem cadastro policial nem outro tipo de mancha na cidadania, não recebeu já uma carta em tom agressivo, a ameaçar penhora de bens e afins para descobrir mais tarde que se tratava de um imposto de selo de um carro que já nem é seu ou outro equívoco qualquer que poderia ter sido esclarecido de forma civilizada? A fiscalidade não pode ser cega e tratar todos como bandidos.

Quando perguntamos aos nórdicos qual é o segredo do seu sucesso, a resposta é: confiança e humildade. Em Portugal não temos nem uma coisa nem outra. Desconfiamos de tudo em geral e de todos em particular. O nosso colega do lado trabalha menos do que nós; os políticos são à partida ladrões; o nosso vizinho faz mais barulho do que nós; o bebé da mesa ao lado chora mais alto do que o nosso; os funcionários públicos são preguiçosos; o Estado só dá tachos e os privados só querem ficar ricos. Neste Portugal que somos, os contribuintes, claro, são tratados como potenciais vigaristas.

Se em Portugal o cumprimento voluntário das obrigações fiscais é de 93,4%, porque é que somos sempre tão mal tratados pelo fisco? E neste bolo há muitos contribuintes que não trabalham por conta de outrem. Só 7% dos portugueses não declaram os impostos por sua própria iniciativa, mas quase 20% trabalham por conta própria.

Na Dinamarca não impressiona apenas a cultura da confiança. Há coisas concretas também: a forma como o fisco faz campanhas na tv a alertar para o prazo de pagamento; a aposta nas redes sociais; os 15 linguistas que têm para simplificar e “traduzir” as leis, os emails e toda a comunicação oficial. Podemos começar por aí.» [Público]
   
Autor:

Editorial.

   
 Sina
   
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