quinta-feira, julho 30, 2015

Umas no cravo e outras na ferradura


   
 Jumento do dia
    
Cavaco Silva

Aos poucos Cavaco vai tentando branquear o seu passado governamental esforçando-se por limpar as suas nódoas. Desde os roteiros das misérias sociais que nunca lhe mereceram a atenção enquanto primeiro-ministo, à forma indigna como se comportou em relação à pensão de Salgueiro Maia que recusou para a dar a um inspector da PIDE, ao Alqueva cujo projecto abandonou, Cavaco usa os poderes presidenciais para ir pagando o altar em que acha que vai ficar na história de Portugal. Cavaco fala agora do lançamento do projecto mais sabe muito bem que os alentejanos e muito menos os que beneficiam de Alqueva não lhe devem nada.

Cavaco diz que aprovou o projecto em 1993, mas esconde que isso sucedeu a pouco mais de um ano de deixar o PSD entregue a Fernando Nogueira, convencido de que a derrota do seu homem o ajudaria a ganhar as presidenciais. O que ele não diz é quanto é que os seus governos investiram na barragem e que quem apostou na construção de Alqueva não foi um político que apenas tentou associar o nome ao projecto. O que ele não diz é que deixou o Alentejo quase como o encontrou, que o votou ao desprezo porque os alentejanos sempre o desprezaram enquanto político.

 photo Porra_zpshqhuqody.jpg

Pobre Cavaco, vai ficar na história mas não com a versão de lexívia que tenta passar, mas sim como o primeiro-ministro que desprezou os que não votavam nele e como o presidente mais incompetente da história da República.

«"Há aqui uma realidade nova, uma nova realidade económica, social e ambiental, o Alqueva mudou a face do Alentejo", afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, em declarações aos jornalistas em Beja.

Depois de ter sobrevoado a zona da barragem do Alqueva a bordo de um C-295 da Força Aérea Portuguesa, Cavaco Silva assinalou "o simbolismo muito particular" de uma visita que o deixou "verdadeiramente impressionado".

"No início de fevereiro do ano de 1993 tomei a decisão em Conselho de Ministro de iniciar a construção da barragem de Alqueva. Eu próprio vim a Alqueva para testemunhar o início das obras. Depois fui a um café, o café de Alqueva, os alentejanos que lá estavam mostraram uma grande desconfiança, disseram que há 20 anos que os políticos diziam isso e nunca tinha sido construída a barragem", recordou.» [Notícias ao Minuto]

 Solidariedade para com Ricardo Salgado

Em sinal de solidariedade para com Ricardo Salgado, a última vítima desse verdadeiro cavaleiro do Apocalipse da nossa justiça, aqui fica uma musiquinha ("A minha casinha" cantada por Milú no filme "O Costa do Castelo") para ele ouvir nas horas de sofrimento por estar confinado à sua modesta casinha e os respectivos logradouros, enquanto aguarda sem risco de fugir que a espada da justiça lhe caia em cima dos ditos.



 O programa do PAF vai ser avaliado

Depois de ter exigido que os cenários macroeconómicos do PS, elaborado por um vasto grupo de economistas de reconhecida competência, fossem avaliados pela UTAO e pelo Conselho das Finanças Públicas faria sentido que os Pafiosos colocassem o seu programa à consideração daquelas instituições ou de outras de reconhecido mérito. A propósito disso faria sentido perguntar aos Pafiosos o que é feito do tal grupo de economistas que ia elaborar as suas propostas, grupo que até integrava economistas secretos que por vergonha não queriam dar o nome.

 A Voz do Povo no seu melhor

«O que esteve, o que está em causa é a polémica entre o antigo ministro socialista e o director de informação da TVI, Sérgio Figueiredo. Não me interessa, não creio ser útil, entrar nos detalhes da controvérsia. Basta recordar que a TVI decidiu dispensar os comentários de Augusto Santos Silva, substituindo-o na antena por outro socialista, Fernando Medina, e que aquele andava há semanas a fazer acusações de censura à televisão de Queluz. Sérgio Figueiredo, que se manteve em silêncio durante várias semanas, entendeu esclarecer o que se passou na sua mais recente coluna de opinião no mesmo DN.»  [Voz do Povo]
   
Para a Voz do Povo a verdade são pormenores que não interessa. Enfim, foi mais fácil tirar o José Manuel fernandes da Voz do Povo do que a Voz do Povo do José Manuel Fernandes, quem torto nasce tarde ou nunca se endireita e este senhor nunca deixará de ser um liberal com formação e valores da extrema-esquerda estalinista.

 P

z

      
 O 'ayatollah' de Barcarena
   
«Sérgio Figueiredo, diretor de informação da TVI (doravante, S.F.), publicou neste jornal, no passado dia 27, um artigo intitulado "Para acabar de vez com um monólogo patético e deprimente". Devo aos leitores esclarecimentos sobre as acusações que me faz. O caso tem que ver com o facto de (a) a TVI ter decidido terminar com a rubrica "Os porquês da política", de que sou autor e era emitida na TVI24, sem dar quaisquer explicações públicas, de (b) as três últimas emissões dessa rubrica terem sido canceladas e de (c) eu ter protestado contra as duas decisões, caracterizando a primeira como punição por suposto delito de opinião e a segunda como censura.

1. Comecemos pelo mais importante. Avalio muito negativamente o artigo de S.F. - roça inúmeras vezes a boçalidade, está cheio de erros e mentiras. Mas isso não quer dizer que entenda que ele deve ser afastado das colunas do DN. Esta é a essência da liberdade de expressão: ter direito a ela mesmo quando se parece mal-educado, ofensivo, inconveniente ou excessivo.

2. S.F. embrulha o seu argumento com muita parra. Eu prefiro ater-me aos factos e interpretá-los. Cada leitor/a fará o seu juízo. Mas todo o argumento repousa numa estória. No dia 18 de junho, eu teria recebido uma resposta de S.F. ao protesto que lhe havia dirigido, por causa de mais uma série de alterações ao horário da minha rubrica. A resposta dava explicações e propunha um encontro para tratar do assunto. Ora, cito S.F., "no mesmo dia em que [Santos Silva] reagia [...] aceitando conversar, decidiu fazer um comentário público na sua página do Facebook", que punha em causa "a estação que lhe dava guarida". Portanto, depois, sublinho depois, de ter trocado mensagens privadas e acertado conversas, eu teria criticado violentamente a TVI. Isto seria desleal? Na minha opinião, seria. Bastante.

Mas não foi assim. S.F. sabe-o e qualquer leitor/a pode sabê-lo. S.F. confirma que recebeu o meu protesto às 9.24. Publiquei a nota no Facebook às 9.32 (o primeiro comentário surgiu às 9.38, ainda está lá para quem quiser ver). Recebi a resposta de S.F. às 12.48. Retorqui por minha vez, acertando a conversa para o dia da emissão seguinte, às 16.19. E considerei o episódio encerrado, até porque, como se vê no texto agora publicado por S.F., era-me prometido mais respeito. Entretanto, recebi (seis dias depois, a 24), a mensagem que preanunciava a rescisão, antes de qualquer conversa por qualquer meio. Estes são os factos. Logo, S.F. mente quando diz que eu "marqu[ei] uma conversa em privado e, à traição, atir[ei] uma pedra sem aviso e sem pudor". Como se deve chamar a quem mente? Eu cá chamo mentiroso.

(...)» [DN]
   
Autor:

Augusto Santos Silva.