sábado, junho 27, 2015

Irresponsáveis

A crise na Grécia conseguiu unir a Troika, o governo grego, o Conselho Europeu e o governo português num único ponto, na forma irresponsável como estão a abordar o problema.

Ao achar que juntado uns milhões debaixo do colchão se pode apostar na bancarrota na Grécia para tentar justificar as suas políticas perante os portugueses o governo português dá mostras de grande irresponsabilidade. No caso de uma bancarrota da Grécia as consequências para a economia europeia e em particular para as economias mais frágeis da zona euro sem bem mais graves e durarão bem mais do que uma mera turbulência nos mercados. Além disso os problemas não podem ser visto apenas numa perspectiva económica, a situação estratégica da Grécia põe em causa a segurança de todos os países do sul da Europa.
  
O governo grego tem sido irresponsável na forma como tem gerido o processo negocial, o que levou a perder potenciais aliados e a dar razão aos sectores que mais se opõem a uma solução equilibrada. As visitas à Rússia nos momentos mais críticos do processo, as referências ao passado nazi, as sessões fotográficas do seu vaidoso ministro das Finanças não têm ajudado a Grécia a conquistar a opinião pública europeia, uma postura surpreendente por parte de um partido que considera que o voto dos gregos se sobrepõe à vontade dos outros povos europeus. A realização de um referendo ao fim de cinco meses de negociações, destinando-se esse referendo a decidir não sobre o que o governo da Grécia quer mas sim sobre a proposta da troika é transformar uma tragédia numa farsa, aqueles que defendiam a soberania do povo perguntam agora ao povo se quer deixar de ser soberano. Depois da chantagem que Tsipras tem feito não tem muita autoridade moral para dizer que a chantagem não é um princípio fundador da UE, logo ele que dirige um partido onde a defesa da UE está longe de ser um princípio fundador.
  
A Comissão Europeia e o BCE têm sido irresponsáveis ao adiarem o problema grego, fazendo de conta que não percebem que a Grécia só conseguirá evitar a bancarrota se a sua dívida soberana for reestruturada, fazendo sentido condicionar essa reestruturação às reformas num país que em muitos domínios permanece arcaico e cujo povo parece não querer perceber que a riqueza não se produz com eleições onde se escolhem os que prometem mundos e fundos.
  
O FMI foi irresponsável ou querer relacionar-se com um Estado Europeu somo se fosse mais um dos seus membros, ignorando que as velhas receitas do FMI não são eficazes no contexto do euro e que na Europa técnicos como o representante do FMI em Portugal estão num patamar intelectual e técnico abaixo do médio.