segunda-feira, outubro 06, 2014

Umas no cravo e outras na ferradura



   Foto Jumento


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Bairro Alto, Lisboa
  
 Jumento do dia
    
Cavaco Silva

Depois de Macedo ter tido a ideia de desafiar o PS para um pato que nunca propôs para a saúde, seguido de um Passos Coelho que deu o dito por não dito e desenterrou uma sugestão de acordo na segurança social era de esperar que Cavaco Silva viesse em apoio do seu governo. Cavaco fez um discurso em círculos para acabar na lenga lenga do compromisso, uma lenga lenga a que recorre sempre que o governo dos seus está em dificuldade.

Desta vez Cavaco introduziu uma novidade, ignorando que muitos dos podres da sociedade portuguesa são uma consequência dos seus vinte anos de exercício de poder, podres que estão simbolizados num grupo numeroso de antigos companheiros que estão a contas com a justiça, decidiu atacar a classe política. Ao fazer algumas críticas que pareciam dirigir-se ao "defunto" Seguro fica-se com a sensação que Cavaco tentou de uma forma pouco elegante tentar conquistar a simpatia de Costa para o seu repto.

Cavaco falou em populismo e em políticos que só vivem da política, esqueceu-se de gente como Dias Loureiro, Oliveira e Costa ou Duarte Lima, ignorou as jogadas sujas do seu homem de mão Fernando Lima, esqueceu-se da podridão que foi o cavaquismo. Cavaco tenta salvar o governo usando a chantagem do compromisso ao mesmo tempo que esconde as suas responsabilidades no estado a que chegou o país e a democracia.

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Como era de esperar a direita exultou com a tese do compromisso e não será de excluir mais um ofensiva de Cavaco neste capítulo, tentando encostar António Costa às cordas. Com Passos Coelho em dificuldades o verdadeiro chefe do governo vai ter de ser Cavaco Silva. Este é o seu governo, o governo que ajudou  a formar-se, o governo que quererá deixar no poder quando se retirar para os seus pequenos luxos na Quinta da Coelha.

O governo e Cavaco estão tão bem ensaiados que até podiam criar o grupo coral do Palácio de Belém, Cavaco fazia de maestro e os membros do governo cantariam no coro, ops ensaios deste grupo coral do compromisso podiam ser feitos no jardim do palácio. Até podiam convidar a Dona Maria para participar e o Pequeno Laborinho para agarrar na bandeira.


 Um tubarão na Praia da Aberta Nova

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Os frequentadores da Praia da Aberta Nova foram surpreendidos pela presença de um tubarão:

«O dia estava soalheiro e o mar convidava a um mergulho. Mas os frequentadores da praia da Aberta Nova, na costa alentejana, a norte de Sines, terão achado melhor, neste sábado, não se atreverem pela água dentro. A visita inesperada de um tubarão foi o desincentivo. » [Observador]

Será que se tratava mesmo de um tubarão ou não seria Aguiar Branco que depois de já ter brincado aos drones e às bóias telecomandadas alargou a sua paixão pelos aparelhos telecomandados aos submarinos?

 Cavaco evoluiu

Dantes dizia que o compromisso permitia uma redução de juros, agora é para evitar a implosão do regime e combater o populismo. Qual a será a próxima desculpa que Cavaco arranja para disfarçar o diálogo com que tenta salvar este governo desgraçado que ele próprio inventou?

 O abraço ao primo bom a pensar no primo mau?

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Uma pequena dúvida: um banqueiro que recebia comissões da venda se submarinos tem ideoneidade para estar à frente de uma instituição bancária, neste caso o BESI que pertence ao novo BES? De um lado o governador manda congelar-lhe as contas bancárias, do outro anda aos braços com Passos Coelho e é mantido à frente de uma instituição financeira suportada pelo dinheiro dos contribuintes.

Mas que grande bandalhice!

  Compromisso para salvar Passos e Portas nas eleições?

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 Salário mínimo, ignorância e arrogância máxima
   
«1Segundo um indivíduo de nome Simon O"Connor, há uma grande preocupação em Bruxelas por causa do aumento do salário mínimo em Portugal para 505 euros. Escreve o Simon, entre outras boçalidades, que Portugal envia um "sinal errado em relação ao compromisso do governo de manter as reformas estruturais", que o nosso país é "imprudente".

O Simon e a Comissão, por quem fala, não devem saber, mas os trabalhadores portugueses são os que têm o salário mínimo mais baixo da União Europeia - tirando os dos países de Leste que mais recentemente entraram. Ou que depois do aumento fica a mais de 120 euros de distância do grego, o segundo mais baixo. Francamente, esta é a parte menos importante da ignorância, da estupidez ou da insuportável arrogância do Simon e da Comissão Europeia.

É, talvez, mais grave perceber que temos uns tontos que pensam que uma empresa que em Portugal baseie o seu modelo de negócio em salários de 505 euros, numa economia aberta, tem hipóteses de sobreviver no mercado e não tem o seu fim mais do que anunciado. Entendo que se queira transformar Portugal num país de mão-de-obra miserável que produza atoalhados de baixíssima qualidade ou torres Eiffel para vender a um cêntimo cada, mas estou convencido de que há países que serão capazes de pagar sempre menos aos seus homens e mulheres. Ou seja, nem a vontade de nos mandar para o esgoto económico resultaria.

Ia discorrer sobre o tipo de inconsciência e de falta de conhecimento da vida das pessoas que permite a um indivíduo dizer que alguém que recebe 505 euros por 160 horas de trabalho está a ganhar de mais, mas não quero enervar o estimado leitor. Mais grave, talvez, é constatar que o nosso governo foi tão atento e venerador a tudo o que a troika impunha, à superioridade moral dos disciplinadores alemães que representava, à compreensão pelo castigo, à aceitação de ordens sem discussão, que qualquer burocrata badameco acha que pode tecer considerações sobre Portugal. Quem se comporta como um criado, como o nosso governo, será sempre visto como um criado.

O pior é a incompreensão sobre o papel do salário mínimo na Europa. A ligação ao valor essencial do trabalho na construção do projeto europeu. Da defesa da sua importância, da visão do trabalho como parte fundamental da vida do cidadão. O trabalho não ser visto como um fator de produção como os outros, mas como algo de central na comunidade. Sendo o trabalho uma parte do que um homem é e do seu lugar no mundo, não podia ser encarado como um simples bem transacionável: não se vende o trabalho como se vende um pedaço de terra.

O salário mínimo garantiria que quem trabalhasse não seria pobre, estava garantido mais do que a subsistência, era a dignidade de qualquer pessoa que trabalhasse que estaria em causa. Estes valores foram consensuais desde o nascimento do projeto europeu. Não são de direita nem de esquerda, são princípios fundadores.

É provável que o Simon e a Comissão não saibam que em Portugal, mesmo ganhando 505 euros, não se sai da pobreza, que se é pobre mesmo. Mas querem lá eles saber. Bate certo com a folha de cálculo? Então está tudo bem. Era capaz de apostar que estes elementos, no fundo, estão contra a própria existência de salário mínimo. Sem esse anacronismo até se atingiria o pleno emprego, gente disposta a trabalhar por uma malga de arroz. Era logo uma competitividade fantástica.

É esta gente que manda na União Europeia e enquanto assim for nada de essencial mudará. É isso, no fundo, o mais preocupante, o que mais assusta.

2Abaixo os privilégios herdados, vivam os direitos conquistados. Viva a República.» [DN]
   
Autor:

Pedro marques Lopes.

      
 Finalmente
   
«A Procuradora Geral da República referiu neste sábado que a situação da Justiça em algumas áreas do país é “muito complexa”, na sequência da problemática gerada pela plataforma Citius. “Nós esperamos que haja capacidade técnica para ultrapassar este cenário rapidamente, porque a situação nalguns sítios do país é muito complexa”, declarou Joana Marques Vidal, em Ponta Delgada, aos jornalistas.

A Procuradora Geral da República falava à margem da intervenção que proferiu no âmbito da Conferência Internacional de Direito dos Açores, promovida pelo Conselho Distrital dos Açores da Ordem dos Advogados Portugueses.

Joana Maques Vidal congratulou-se com a proposta legislativa que surge no sentido de suspender alguns prazos, que afirmou ser uma consequência de uma deliberação do Conselho Superior do Ministério Público e do Conselho Superior da Magistratura, uma vez que irão ser “assegurados alguns direitos dos cidadãos”. “É preciso, realmente, conseguir ultrapassar esta deficiência, havendo a capacidade de solucionar as questões no seu conjunto, não deixando para trás aquilo que é também a atividade do Ministério Público”, defendeu a magistrada.

Joana Marques Vidal quer acreditar que se está a tempo de “conseguir ultrapassar a situação”, muito embora tenha consciência que “é difícil”. A Procuradora Geral da República afirmou “ser importante que se comece a preparar uma futura plataforma informática que dentro de dois ou três anos substitua a atual”. “Esta situação, como já foi reconhecido por todos, e designadamente pelos responsáveis políticos, causa transtorno. Ninguém desejaria que ela tivesse acontecido, provocará, com certeza, os seus danos. Vamos trabalhar todos”, declarou.» [Observador]
   
Parecer:

Ao fim de três semanas a Procuradora-Geral parece ter reparado no que se passava, mas confia nas soluções futuras da ministra.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»

   
   
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