quinta-feira, outubro 09, 2014

O normal

O normal seria termos um primeiro-ministro que nunca tivesse trabalhado para uma falsa ONG inventada por uma empresa criada para sacar fundos comunitários, que levou uma semana para reagir mais parecendo que se queria certificar de que nada mais seria publicado.

O normal seria demitir um ministro incompetente, que recorre a jogos de palavras para faltar à palavra dada, que ao fim de três anos ainda não fez nada de bem feito, que revela não ter qualquer consideração pelos profissionais de cuja prestação depende o seu sucesso.

O normal seria uma ministra desastrada que paralisou um sistema de justiça, algo que nem na sequência do 25 de Abril sucedeu e que perante o desastre reage de forma arrogante, prometendo novos prazos e dando gorjetas aos juízes para que estes fiquem mansos.

O normal seria um presidente que vai falar sobre a classe política fazer o mea culpa e reconhecer que é a mãe de muitos dos males que apodrecem a vida democrática portuguesa, não se tem autoridade para propor reformas da democracia quando transformou os actos eleitorais em programas de inaugurações, quando se promoveu uma classe política corrupta e quando se ganhou dinheiro fácil com o homem forte do BPN.

O normal seria demitir os ministros incompetentes e remodelar um governo que desde que deixou de contar com o cajado da Troika deixou de ter norte e limita-se a tentar sobreviver até ás eleições como se fosse um concorrente ranhoso da Casa dos Segredos tentando sobreviver até à emissão da noite de Ano Novo.

O normal seria ministrso responsáveis e chegarem, a acordo em vez de andarem na praça pública exibindo divergências como se um OE fosse um mero instrumento de promoção da imagem eleitoral de um ministro que não conhece o significado da palavra revogável.

O normal seria o Ministério Público estar investigando o roubo aos incautos da bolsa que nas últimas horas compraram lixo a vendedores de acções do BES que de forma estranha se apressaram a vender o mais possível, sendo quase evidente que havia no mercado quem soubesse do destino do BES e da criação de um banco de lixo com essas acções.

O normal seria uma Procuradora-Geral não se pronunciar sobre julgamentos de primeira instância em vez de festejar decisões que considera uma vitória por serem condenações em massa, mesmo sabendo que os arguidos ainda podem recorrer.

O normal seria o país ter gente melhor do que esta à frente do governo e da Presidência da República. Vivemos tempos de anormalidade.