sexta-feira, outubro 17, 2014

2015

A grande conclusão do OE é  a de que 2015 será um ano perdido para o país, um ano em que nada se faz, em que tudo fica na mesma e em que Portugal continua sem esperança. É um orçamento cheio de esquemas. O OE até chega irónico, enquanto os pobres já não têm dinheiro para comprar preservativos o irmão Núncio lembrou-se de usar os sacos de plástico para financiar os benefícios fiscais das famílias numerosas da Opus Dei.
  
Foi deprimente assistir à conferência de imprensa da ministra das Finanças, depois de um atraso que só se pode explicar por falta de educação a senhora falou, falou e não disse nada de jeito. Foi uma intervenção pouco honesta, mais do tipo politiqueiro do que de alguém que tem nas suas mãos o futuro de um país.
  
Naquele discurso não houve uma ideia nova, não se ouviu uma palavra para o futuro, não se explicou para onde se quer levar o país. Foi um discurso monótono, lido, sem ideias, sem brilho, um discurso que se arrastou lido por alguém que nada tem para dizer. Foi uma intervenção mais próprio de um merceeiro do que de uma ministra das Finanças.
  
2015 vai ser mais um ano de austeridade, de mais troikismo sem troika, de um liberalismo idiota que espera que uma qualquer força de mercado traga o progresso. Não se fala de um único investimento para 2015, nos tribunais e nas escolas serão aplicados mais cortes brutais e irracionais, na saúde o ministro faz surf com o ébola desdobrando-se em operações de propaganda.

Portugal tem um governo em quem ninguém acredita, uma ministra das Finanças sem chama nenhuma, um ministro da Economia que se revelou um erro de casting, um Portas desesperado em busca dos votos que o salvem, um ministro do Trabalho ridículo, um ministro da Educação e uma ministra da Justiça que metem dó. E à frente desta gente toda um Presidente da República que nem os velhos do meu bairro convidariam para uma partida de dominó.
  
O país vai arrastar-se durante um ano com um governo que ninguém leva a sério, que os investidores já não consideram como credível, em quem os parceiros sociais já não depositam confiança, os portugueses vão estar meses e meses a verem esta gente a arrastar-se nos no lodaçal de incompetência em que o governo se enterra, aguardando por eleições que lhe restituam a normalidade.
  
É este o resultado de um OE pouco honesto, com previsões manipuladas, com medidas manhosas e sem qualquer ideia sobre o que se pretende para o país. Há quem defenda a antecipação das eleições e na verdade quanto mais depressa o país se livrar de Passos e de Cavaco melhor, mas esta gente deveria ser mantida no governo até ao início de 2016 para responder politicamente pelas consequências deste orçamento.