sábado, agosto 02, 2014

Os defensores do interesse nacional

Portugal pode ser um país condenado ao subdesenvolvimento, pode tropeçar em todas as crises financeiras internacionais, pode ser ignorado por Bruxelas em todas as negociações comerciais, pode acontecer-nos tudo o que mau pode suceder, mas uma coisa de que não nos podemos queixar, é da falta de gente empenhadíssima em defender ou em sacrificar-se pela defesa do interesse nacional.
  
Aquele que agora é apontado como o maior canalha nacional, ainda que em surdina não vá o diabo recuperar o poder, era um dos mais destacados defensores do interesse nacional. Foi em defesa do interesse nacional que convidou Cavaco para um jantar familiar para o convencer a candidatar-se à Presidência. Foi também em defesa do interesse nacional que liderou os banqueiros na chantagem sobre Sócrates para que este entregasse o país à troika, ou que há alguns anos o levou a ir à Presidência da República defender a manutenção dos centros de decisão em Portugal.
  
A grande sede da defesa do interesse nacional é a Presidência da República e o actual presidente não se cansa de em cada momento chamar a si a interpretação do que em cada momento ou circunstância representa o interesse nacional. Tudo o que Cavaco faz é em defesa do interesse nacional e esse mesmo interesse nacional até parece estar acima de qualquer valor, a começar pelos valores constitucionais.
  
Outro grande campeão nacional da defesa do interesse nacional é Durão Barroso, o primeiro-ministro que fugiu de Portugal para melhor nos defender e agora anda por aí dizendo que nos deu uma pipa de massa. Aliás, Bruxela compete com Belém na defesa do interesse nacional, todos os que para lá vão fazem-no para defender o interesse nacional, o último a ir é o Carlos Moedas e há uma grande expectativa no país pelos benefícios que ele nos pdoerá trazer.
  
O país deve estar grato a tanta gente que se sacrifica para defender o interesse nacional, vão para comissários, aceitam grandes tachos na EDP, exigem a vinda da troika, vendem as empresas públicas ao estrangeiro, usam dinheiro público para ajudar banqueiros incompetentes e trafulhas, fazem tudo pelo interesse nacional. Depois fazem fila nas cerimónias de Belém para receberem as comendas pelo reconhecimento do país pelo muito que fizeram pela Nação.