quarta-feira, agosto 20, 2014

Empresários ou oportunistas?

Seria muito interessante lançar agora o debate em torno de algumas questões que ao longo dos últimos anos mobilizaram a nossa direita, os seus políticos e uma boa parte dos nossos empresários.
  
Seria interessante promover um debate sobre as vantagens da banca privada moderado pelo campeão das privatizações da banca, o actual presidente Cavaco Silva. Até se poderia debater coisas muito interessantes como foi a fórmula adoptada para a privatização do BPA, mas deixemos isso para os historiadores ainda que nos últimos três anos não tenha sido produzido um único documento a arquivar na Torre do Tombo, é mais fácil saber o que se disse e decidiu na corte de D. João II do que em qualquer um dos nossos governos do pós-25 de Abril.
  
Até se poderia convidar Cavaco Silva para abrir o debate aproveitando os seus conhecimentos de economia e experiência governativa para nos falar sobre as vantagens económicas da gestão privada, sobre a maior honestidade de gestores que gerem a sua própria empresas por oposição aos gestores públicos, sobre o maior rigor na escolha dos gestores nas empresas privadas, ou sobre a menor apetência para a corrupção nas instituições privadas. Passos Coelho poderia dar o seu contributo falando sobre o conceito de democracia económica a que se refere tantas vezes.
  
Um segundo tema a debater e que no passado mobilizou muitos dos nossos notáveis, até me recordo de delegações de banqueiros como Ricardo Salgado irem à Presidência para discutir o tema são os famosos centros de decisão nacional pelos quais todos esses senhores se batiam. Partindo do pressuposto de que manter um centro de decisão no país não é vender a EDP aos chineses e meter uma cunha para que o Catroga ganhes uns pentelhos, ou vender a PT aos brasileiros e enganá-los comprando lixo do BES, seria muito interessante ver como os nossos políticos e empresários  se têm dedicado a defender o interesse económico dos tugas.
  
A verdade é que as privatizações portuguesas são das piores experiências de liberalização da economia à escala mundial. EM nenhum país do mundo os empresários locais corromperam tanto, os banqueiros compraram tantos políticos e as empresas foram tão rapidamente revendidas a estrangeiros. O nossos empresários e políticos aproveitaram-se das privatizações para corromper, enriquecer rapidamente e colocar os lucros fáceis conseguidos com a intermediação em off shores.

Hoje o país tem as suas principais empresas em mãos estrangeiras, uma classe política que não vale um chavo, está sem investimento e à beira da bancarrota. Foi este o resultado da liberalização da economia por uma elite oportunista, incompetente e corrupta. Todo este processo mostra como muito dos bons argumentos usados pela nossa elite não passam de treta.