terça-feira, julho 01, 2014

Umas no cravo e outras na ferradura


 
   Foto Jumento
 

 photo IMG_0023_zps3ad9f020.png
     
Chafariz no Rossio, Lisboa
  
 Jumento do dia
    
Paulo Macedo

A imagem que Paulo Macedo tem feito passar é a que conseguiu poupar muitos milhões sem prejudicar a qualidade dos serviços de saúde, um pouco ao contrário dos seus colegas que só sabem cortar nos salários. É óbvio que na Saúde ocorreram cortes muito maiores do que nos restantes sectores, a que se deve acrescer a redução dos lucros no sector farmacêutico.

Agora sabe-se que a austeridade no sector teve graves consequências para a qualidade nos serviços de saúde.

«Para os autores do relatório, coordenado por Ana Escoval, Felismina Mendes e Manuel Lopes, “parece ser evidente, e à semelhança do que afirmámos em anos anteriores, que estamos perante um conjunto de dados que indiciam o impacto negativo da crise sobre a saúde das pessoas. Ou seja, está a acontecer o que era expectável. Apesar disso, não se vislumbram sinais indiciadores de uma política intersectorial de saúde que tenha como objectivo monitorizar indicadores de impacto e acautelar ou minimizar os previsíveis efeitos da crise, nomeadamente nos grupos mais vulneráveis”.

Dos dados relacionados com a saúde mental, aos medicamentos, diabetes e alimentação, são vários os exemplos explicitados pelo Relatório de Primavera, que resulta de uma parceria entre a Escola Nacional de Saúde Publica da Universidade Nova de Lisboa, o Centro de Estudos e Investigação em Saúde da Universidade de Coimbra e a Universidade de Évora, este ano reforçada com a Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa.

Na introdução, o OPSS reforça que “os efeitos negativos da crise económica e financeira sobre a saúde são evitáveis”, sendo que para isso é preciso “investir simultaneamente na protecção social e na saúde pública” – sublinhando-se, ainda, que “investir na saúde serve, não só para proteger as pessoas da crise, mas pode ter um papel importante na recuperação económica”. Perante as “duras medidas de austeridade”, diz o documento, “as boas práticas de saúde pública recomendam que se antecipe e previna, o mais cedo possível, os seus efeitos sobre o bem-estar da população” no sentido de “mitigar os impactos da austeridade excessiva”.

“Um desenvolvimento cada vez mais hipotecado” 

Porém, segundo os autores, o caminho seguido pelas autoridades tem sido precisamente o contrário: “Ao invés, parece ser evidente um manifesto esforço quer da União Europeia, quer do Governo português, de negar a evidência do impacte da crise sobre a saúde das pessoas e negando-o, evitar a discussão e consequentemente a adopção de medidas de prevenção e/ou de combate. Tal atitude poderia até ser apelidada de síndroma de negação”. O problema, prosseguem, “é que do outro lado estão pessoas em sofrimento e com um desenvolvimento cada vez mais hipotecado tal como se percebe pelos dados apresentados”.» [Público]
 
 Coisa estranha

Quem quer que Passos Coelho continue a fazer o que tem feito prefere Seguro na liderança do PS. Nunca um líder do PS mereceu esta alegria por parte da direita, ainda por cima pouco tempo depois de essa mesma direita o ter considerado um mole.

A verdade é que aquele que foi dócil com o seu amigo Passos Coelho resiste agora de forma feroz ao seu camarada António Costa, recorrendo a todos os truques numa luta desesperada pelo seu poder pessoal. Cada vez mais estas directas parecem as primárias do derrube de Passos Coelho sendo óbvio que uma vitória é uma vitória de Passos Coelho.

Mas será que o país vai ter paciência para assistir a este espectáculo durante mais três meses? É evidente que não e resta a António Costa ignorar Seguro e aproveitar a campanha das directas para apresentar uma alternativa ao país.
 
 Mas que belo argumento

A inteligência humana tem destas coisas, Paulo bento não se demite porque tem objectivos definidos até ao fim do contrato, isto é, só quando falar o último objectivo e o contrato estiver a chegar ao fim é que equaciona a hipótese de se demitir.
 
 Uma pergunta

A senhora rasca que recorreu às farmácias para que a direita se inscrevesse como simpatizante do PS para votar em Seguro ainda é dirigente deste partido merecendo a confiança do ainda secretário-geral?
 
      
 Honradez
   
«Chapelada electrónica. A lenta cozedura que agora se iniciou no PS deu já dois resultados, um negativo, outro positivo. O negativo está a ser o cristalizar de posições, melhor dizendo o crispar de olhares e punhos, fechando as portas à razão e à tolerância. Tribos políticas agregam-se por emoções e não se dissolvem em quatro meses. Treinam-se mosqueteiros do cardeal, para defrontarem mosqueteiros da rainha. O positivo está a ser a lenta definição dos comentadores e fazedores de opinião: começa a ser claro que a direita convencional está com Seguro, por recear Costa e o terreiro que a sua popularidade pode varrer. Clarinho, clarinho, será sempre melhor.

A situação é muito clara: uma forte maioria sociológica aspira por Costa, dentro e fora do partido. A máquina, minuciosamente planeada durante anos pelas últimas bancadas de São Bento, matematicamente produz decisões que espelham a proporcionalidade da divisão orgânica. Os estatutos, alterados em comissões nacionais complacentes ou distraídas, blindaram as lideranças. Órgãos jurisdicionais internos escudam-se na imprevisão estatutária. Com a segurança de quem tutela a sua maioria, obediente pelo pavor do que receia perder com a mudança, surge a proposta de eleição para um cargo inexistente, com o engodo da retirada em caso de derrota, tal como fez Cavaco a Seguro, quando lhe acenou com eleições antecipadas. Tempera-se com o sal de uma demagógica redução do números de deputados para a populaça aplaudir e argumenta-se com a suposta similitude com eleições primárias abertas a todos para escolha de líderes socialistas na França e Itália, como se do mesmo contexto se tratasse. Preparado o empadão, serve-se frio ou requentado, com quase quatro meses de espera.

Tal como aqui afirmámos há semanas, as coisas estão feias no PS e vão ficar ainda pior. À saída da Comissão Nacional de Ermesinde duas valorosas militantes (ou simpatizantes), vestidas com a camisola da selecção, assediaram Costa e apoiantes. O ambiente carnavalesco registado pelas câmaras tem efeito demolidor na política, juntando todos no mesmo saco, abrindo espaço ao populismo justicialista.

Quando aqui se apontava o eventual risco de chapelada, mal sabíamos como ela agora se apresenta, no século vinte e um. Não já com votos numerosos dentro do chapéu dos cabos eleitorais, mas com o sofisticado processo de recurso a redes corporativas. Agora foram farmacêuticos que conclamaram na rede respectiva o apoio a Seguro. Uma das conclamantes, dirigente nacional do PS. Pior ainda: citada a pronunciar-se a presidente do Partido e um dos secretários nacionais lavaram as mãos como Pilatos, com o argumento de se tratar de uma posição individual. (Agora se percebe o verdadeiro sentido de algumas escolhas para candidatos municipais). Amanhã serão associados de agremiações apolíticas a congregarem à participação grátis numa singular escolha de governo. Pouco faltará para vermos um futuro canal por cabo a recomendar o mesmo. Mais tarde serão homens de mão de partidos agnósticos a Costa a colaborarem, inscrevendo-se graciosamente para eleger um “candidato a primeiro-ministro”. Recusa-se o que possa aumentar as garantias de independência do processo, retirando ao contraditório a possibilidade de arguir a prática de actos malévolos e quem tem a autoridade interna não verbera estes procedimentos.

Austeridade que mata. Juncker foi eleito presidente da Comissão, seguindo-se as fotografias com os Judas do passado. Os do Reino Unido preparam defesa contra previsível derrota interna, mostrando músculo em Bruxelas. Ainda bem. Sobretudo pela companhia húngara que escolheram. Diz-me com que andas dir-te-ei quem és. Doravante ninguém terá ilusões e aberto o precedente será mais fácil começar a preparar a lenta saída dos insulares auto-insularizados. O nevoeiro de Bruxelas começa a clarear. Socialistas e sociais-democratas defenderam o seu ponto de sempre: os resultados das eleições para o Parlamento Europeu tinham que ser respeitados. Em Portugal, socialistas e democratas-cristãos acompanharam, como lhes cumpria. Destaco o papel de Rangel, que não hesitou desde a primeira hora. Estão agora reunidas condições para que o governo se deixe de posições “panhonhas” e exija o que o FMI já escancarou: que a austeridade mata e que só o crescimento cura e dá emprego. Renegociar a dívida passou de ideia proscrita a solução indispensável. Quem mostra e quer cumprir tem o direito de exigir que o ajudem a respeitar compromissos. Por que espera o Governo para adoptar mais firmeza e até autoridade, nas suas posições em Bruxelas? Ou aguarda que o Tribunal Constitucional o faça, uma vez mais?» [Público]
   
Autor:
 
António Correia de Campos.
   
   
 E está tudo dito
   
«O presidente do Uruguai, José Mujica, resumiu as suas impressões sobre o Campeonato do Mundo de Futebol em duas frases. “A FIFA é um bando de filhos da puta. Eles podem sancionar, mas não impor sanções fascistas”, declarou, referindo-se à suspensão imposta ao jogador uruguaio Luis Suárez, que na quinta-feira passada ficou a saber que fica impedido de jogar durante os próximos quatro meses.» [Observador]
   
Parecer:

Mas que o rapazinho gosta de dar dentadas como as moças lá isso é verdade.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
     

   
   
 photo Robin-Halioua-5_zps4ebc7ca9.png

 photo Robin-Halioua-1_zps02ab34f3.png
 
 photo Robin-Halioua-4_zps08d854b9.png

 photo Robin-Halioua-3_zps65e0570d.png
 
 photo Robin-Halioua-2_zpsf6e411b8.png