quarta-feira, junho 18, 2014

Mudar esta democracia da má moeda

Os eleitores portugueses vivem cercados por políticos que alguém em tempos designou como má moeda. Não há como substituir o presidente, o primeiro-ministro tem o controlo do pote e por isso nenhum militante do seu partido ousará derrubá-lo e até o Seguro teve o cuidado de alterar os estatutos do seu partido para se assegurar de que não seria substituído.

Nesta situação qual a escolha de um eleitor que defenda a social-democracia? Mais à direita o PSD foi tomado por bandalhos de direita, à esquerda o PS é liderado por um fraco. Resta a estes eleitores aderirem à ditadura do proletariado, abster-se ou votar num qualquer Marinho Pinto que num dia é de esquerda e no dia seguinte fala como se fosse da extrema direita.
 
A democracia está refém de líderes partidários que não têm qualquer consideração pelos seus concidadãos, como um deles será sempre primeiro-ministro ou mesmo Presidente da República por maior que seja a abstenção têm o maior dos desprezos pela vontade dos eleitores.

Os partidos apodreceram e deixaram de ter consideração pelos eleitores, os seus programas ou resultam de programas ideológicos com mais de cinco décadas ou consideram os cidadãos atrasados mentais e apresentam programas que não cumprem. No sue interior a renovação ou obedece a critérios próprios da igreja católica do século XIX ou resulta de escolhas assentes na corrupção, ganha quem puder comprar votos com o dinheiro do Estado.
 
Começa a ser impossível mudar os partidos a partir da vontade dos cidadãos, os aparelhos partidários, seja por motivos ideológicos ou por oportunismo corrupto, consideram-se no direito de serem eles a imporem-se aos partidos. Nestas condições a democracia e o desenvolvimento do país está refém de aparelhos partidários unidos em tono de ideologias arcaicas ou por esquemas mafiosos em torno do acesso aos dinheiros públicos.
 
Restam duas alternativas, ou pôr em causa a democracia apostando nos Marinhos que se presentem como salvadores, ou renovando a democracia. A aposta nos Marinhos nunca deu grandes resultados, resta renovar a democracia e isso implica um aposta no colectivo que na nossa democracia passa pelos partidos.
 
Se os partidos existentes são reféns da corrupção, de ideologias ou de religiões resta aos cidadãos renovar a democracia criando partidos nos quais se revejam, para os quais escolham dirigentes que estejam à altura dos desafios e cujos programas vão de encontro aos problemas do país e à vontade dos eleitores.

Se os actuais partidos não existem soluções para o país porque os seus líderes se recusam a ir de encontro à vontade dos portugueses e aos desafios que Portugal enfrenta então só nos resta criar outros partidos. No caso particular das correntes social-democratas há gente mais do que suficiente para criar uma alternativa. Há muito que os partidos rejeitam os mais competentes, os mais honestos ou os mais dinâmicos. Fora dos partidos e sem considerar os muitos que vivem à sombra dos seus favores há gente mais do que suficiente para renovar a democracia e ajudar Portugal a sair desta crise que é mais de liderança do que financeira. É preciso acabar com esta democracia da má moeda.