segunda-feira, janeiro 20, 2014

Umas no cravo e outras na ferradura


 
   Foto Jumento
 

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Chiado, Lisboa
  
 Jumento do dia
    
Miguel Macedo, ministro da Administração Interna

O problema da violência doméstica é um dos mais graves no domínio não apenas sociológico, mas também criminal, pela violência que envolve, pelo número de vítimas e de homicídios. É por isso que não só esta questão deveria ser uma prioridade, como seria obrigação do ministro da Administração Interna a tratar como prioridade absoluta.

Mas parece que não é o que está sucedendo.

«O Governo decidiu extinguir a Direção-Geral da Administração Interna, pondo assim em risco o programa de proteção das vítimas de violência doméstica que tinha como principal função avaliar o grau de risco em que se encontravam. Apesar da tutela garantir que o serviço é para manter, a equipa que gere o projeto desconhece, por enquanto, o seu destino, revela hoje o Diário de Notícias.» [Notícias ao Minuto]

 As conquistas

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Passos Coelho inspira-se no hino alemão para chamar à sua moção "Portugal acima de tudo". Ao mesmo tempo parece que Paulo Portas não quer ficar para trás e encena a sua conquista do mundo. Nem no tempo de Salazar o governo foi tão germanófilo como este.
 
(imagem do nosso roubada ao CC)
 
 Gretna Green Starling Murmurations

 
      
 Uma vergonha sem nome
   
«Primeiro o mais importante: na sexta-feira, em pleno Parlamento, assistiu-se a mais uma vitória de quem acha que se deve negar uma família a muitas crianças. Uma vitória dos que estavam revoltados pelo facto de haver crianças que finalmente viam a possibilidade de ter como pai ou mãe, de pleno direito, aqueles que o são de facto. Foi a vitória de quem defende que quem ama, quem cuida, quem trata, por ser homossexual, não pode ver esse seu papel reconhecido, mesmo que partilhe a sua vida com o progenitor e a própria criança. A vitória de quem pensa que um homossexual tem menos capacidades paternais ou maternais. A vitória de quem não percebe que ser pai ou mãe vai muito para lá do ato de procriar. Foi, em resumo, mais uma estrondosa vitória do preconceito e da selvajaria. Continua a não haver lei que autorize a coadoção, nem tão cedo existirá essa possibilidade.

Tudo isto aconteceu sob o alto patrocínio do primeiro-ministro e com a fundamental e imprescindível colaboração de uns senhores e de umas senhoras que não só partilham dos "valores" acima referidos, como quiseram fazer parte de um acontecimento que envergonha a história do PSD, achincalha o mandato que lhes foi conferido pelo povo e insulta a Assembleia da República e a democracia representativa.

Os deputados do PSD, que viabilizaram a lei da coadoção, passados alguns meses de a terem aprovado vêm apoiar um referendo sobre o tema. Não estavam no seu estado normal? Pensaram durante seis meses, debateram o projeto no grupo de trabalho e só agora se lembraram de um referendo? E mesmo os que votaram contra, será que gostaram de ver as deliberações da Assembleia desrespeitadas? E que dizer de um partido que dá liberdade de voto para a lei e impõe a disciplina de voto para o referendo dessa mesma lei?

Sou contra todos os referendos - com exceção de temas de soberania - precisamente por acreditar na democracia representativa e ter consciência do mal que este instituto tem feito às democracias. Mas não é isso que está em causa neste assunto. Estamos perante uma lei debatida no Parlamento, na comissão, na comunidade, que nunca se levantou sequer a hipótese de referendar.

Perguntarão os portugueses: para que é que elegemos representantes se eles se demitem de decidir, e quando decidem o primeiro-ministro desrespeita o Parlamento e trata os deputados como moços de recados? Sim, está em causa o primeiro-ministro. Ninguém acredita que um indivíduo que esteve numa comissão durante seis meses se tenha lembrado de um referendo meia dúzia de dias antes da votação final. Nem que um projeto da JSD tenha tido um rigor tão apertado a forçar a disciplina de voto.
E está reaberto (Guterres já tinha feito uma brincadeira semelhante) um brilhante precedente: sempre que uma deliberação não agradar a alguém com poder no partido, bloqueia-se tudo com um referendo. Hugos Soares dispostos a fretes por um prato de lentilhas nunca faltarão.

Respeito - embora com muita dificuldade, admito - quem acha que os homossexuais e os seus filhos devem ter os seus direitos restringidos. Mas tenho ainda mais dificuldade em aceitar quem acaba de colaborar com essas pessoas e passados cinco segundos faz uma cara muito indignada e afirma que vai fazer uma declaração de voto. É a chamada coragem "vai lá tu" - é de justiça destacar Teresa Leal Coelho, com quem tanto tenho discordado, mas que neste caso mostrou ter mais dignidade sozinha que a bancada do PSD e CDS juntas. E nem vale a pena falar da posição do CDS, que lavou as mãos como Pilatos acabando, de facto, por colaborar na pantomina.

Devem ser em primeiro lugar os deputados a respeitar e a fazer respeitar a sua condição de representantes do povo. Em causa esteve um atentado à dignidade da própria função de deputado. Um homem ou uma mulher que não está disposto a arriscar um futuro mandato ou acha mais importante seguir as ordens do partido do que respeitar os cidadãos e a casa da democracia não merece ser deputado.

Mal está um país quando é o próprio primeiro-ministro a não promover a proteção e direitos das crianças e a ser patrocinador de preconceitos. Desgraçado o país em que os representantes do povo desrespeitam o povo que os elegeu, se desrespeitam a si próprios, insultam a Assembleia da República e se deixam transformar em meros fantoches.» [DN]
   
Autor:
 
Pedro Marques Lopes.
   
   
 Marcelo catavento?
   
«A moção que Passos Coelho levará ao XXXV Congresso do PSD traça desde logo o perfil do Presidente da República que pretende, ou seja, um candidato que não seja um “protagonista catalisador de qualquer conjunto de contrapoderes ou num catavento de opiniões erráticas”. Ao Diário de Notícias, fonte da direção social-democrata admite que o professor Marcelo Rebelo de Sousa se enquadra neste perfil.» [Notícias ao Minuto]
   
Parecer:

Isto vai dar porrada.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Reserve-se lugar na primeira fila.»
  
 Praxe homicida?
   
«Sob anonimato, um jovem colega dos seis estudantes da Lusófona que perderam a vida na praia do Meco, em Sesimbra, revelou ao Jornal de Notícias, que “eles sabiam que” naquela noite “iam entrar na água”. Por isso, acrescenta, “deixaram os telemóveis em casa”. Esta ação faria, segundo o mesmo testemunho, parte de um ritual de praxe liderado pelo único sobrevivente.» [Notícias ao Minuto]
   
Parecer:

Começa a perceber-se que aquilo que se passou no Meco foi mais tenebroso do que se pensou.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Investigue-se.»
   
 Está explicada a razão da inicitativa dos jostas do PSD
   
«Antigo membro do partido conservador, David Silvester, afirmou que as "catástrofes naturais" que fustigam atualmente o país são a resposta divina à legalização dos casamentos gay aprovada por David Cameron.
  
Um deputado do 'Independence Party' afirmou que as recentes tempestades e cheias que se têm abatido sobre o Reino Unido são um "castigo divino para os governantes" que decidiram legalizar os casamentos gay.» [DN]
   
Parecer:

Os jotas do PSD receiam tempestades e optaram por impedira co-adopção com um referendo.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
     

   
   
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