quinta-feira, janeiro 16, 2014

Facadinhas de um pãozinho sem sal

Eu bem gostava de imaginar o Tozé Seguro na sua Lambreta, altas horas da madrugada a sair do Rato e descer a Rua de São Bento a caminho do apartamento da sua namorada. Não é que isso abonasse muito a favor do moço mas pelo menos poderíamos dizer que aquele rapaz com ar de pãozinho sem sal era capaz de nos surpreender. J´estou como os putos que vão pedir aos pais para se divorciarem, para serem como os colegas.
   
Mas este Tozé nem dás facadinhas, nem sai de cima e na mesma semana em que os franceses andam a discutir se a actriz é mais jeitosa do que a jornalista ficou a saber-se que o Hollande não os pôs apenas à sua companheira, o nosso Tozé também esteve à beira de ir para as urgências depois de o Tio Hollande se ter convertido à austeridade.
 
Não é que eu deseje que o Tozé seja um depravado o que, aliás, seria um milagre digno da Santinha da Horta Seca, mas bolas, já que o homem não dá pica nenhuma à oposição ao menos que nos fizesse uma prova de vida, só para sabermos que ele ainda está no activo.
 
Nunca um líder a oposição teve tantos motivos para estar cheio de pica, só em poucos dias o governo e os seus partidos deram várias oportunidades de criticar, gozar e fazer rir. Os deputados do CDS foram à Mealhada e ficaram com um leitão atravessado na garganta, uma hora antes o primeiro-ministro virtual dirigiu-se aos delegados do congresso de homenagem ao líder para dizer algumas meias falsidades e provocar o PS com falsas propostas de flirt e apesar dos os ministros do PSD andarem escondos o Maduro ainda meteu os pés pelas mãos com desculpas para justificar uma falta no parlamento.
 
E o que se viu no Tozé? Nada. O homem não mexeu, não apresentou o mais pequeno sinal de vida, para alguém que ainda há pouco tempo exigia eleições antecipadas é silêncio a mais e oposição a menos. Ninguém neste país sabe o que Seguro pensa, que medidas adoptaria se fosse primeiro-ministro, o que pensa das novas políticas de Holland. Só se sabe que de vez em quando, muito raramente, o Tozé vem a público dizer que discorda e que se fosse ele a governar ia dizer à troika que aumentava o défice.
 
Não há mal que o Tozé não tenha nenhuma pica política, o problema é que ele tomou conta da liderança do maior partido da oposição e nestas circunstâncias é a oposição a ser penalizada pelas disfunções políticas do secretário-geral do PS. O Tozé está a fazer a Passos Coelho o maior favor que este poderia esperar de um líder da oposição, não só uma total ausência de oposição como a aceitação da ideia de que não há alternativas às políticas deste governo. Não admira que uma boa parte dos portugueses diga em surdina que entre Passos e Seguro não há qualquer diferença, na verdade o que distingue os liberais de direita dos liberais de esquerda não são os projectos, os programas, os ideais ou as ideologias, não passam de clãs diferentes.