terça-feira, julho 09, 2013

Umas no cravo e outras na ferradura


 
   Foto Jumento
 
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Convento de Santa Marta, Lisboa

 Dúvida
 
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Grafitti alusivo ao clima da época, Faro[A. Moura]
  
 Dúvidas sobre este (des)governo

Carlos Moedas, secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro que tem a responsabilidade de acompanhar o memorando da troika continua a depender de Passos Coelho passando a estar soba tutela de Paulo Portas?
   
António Borges, consultor pago para acompanhar as privatizações, passa a dar a suas consultas a Paulo Portas?

No caso das privatizações das águas, o negócio chorudo mais desejado pelos amigos do Passos Coelho, a coordenação é do vice-primeiro-ministro a quem foi entregue a coordenação das políticas económicas?

A diplomacia económica fica sob a coordenação do responsável pela coordenação das políticas económicas?

Se ocorrer alguma reunião do Conselho de Ministros para tratar dos assuntos económicos Passos Coelho vai estar presente ou opta por aproveitar essas horas para ler os jornais?
   
Qual o papel de Passos Coelho, darde comer aos pavões do jardim da residência oficial de São Bento?

Paulo Portas passa a representar Portugal nas reuniões do Eurogrupo onde, de facto, se processam a maior parte das negociações com a UE no âmbito do processo de ajustamento?

 Uma presidência patética
 
Já o ministro alemão das Finanças aprovou a remodelação governamental e a escolha para ministra das Finanças e Cavaco SIlva ainda anda a fazer de conta que é um Presidente da República a ajuda o país a sair de uma crise do seu próprio governo. Ridículo, patético e vergonhoso para a democracia portuguesa.
   
 Imbecis desbocados
 
O governador do Banco de Portugal anda por aí a especular sobre a necessidade de Portugal precisar de um programa cautelar. Eduardo Catroga armou-se em macaquinho de imitação e disse o mesmo. Bruxelas desmente que tal esteja a ser negociado.
 
Bruxelas tenta acalmar os mercados, os irresponsáveis tentam ganhar protagonismo nacional promovendo a especulação nos mercados. Ninguém consegue calar estes imbecis incompetentes e desbocados?
 
 O que é que este senhor percebe de política económica?
 
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De empregado bancário a expert em política económica. É uma pena que quando era responsável da área internacional do BCP tivesse andado muito mais distraído do que agora, não teriam sido feitas tantas vigarices.

      
 A síndrome de Estocolmo
   
«O modo como, em menos de uma semana, se passa de ministro "irrevogavelmente" demissionário, a efectivo chefe de governo - controlando tudo o que é importante, das finanças e economia à relação com os credores - poderia ser incluído como mais um episódio do Capítulo VIII da imortal obra de Maquiavel, O Príncipe, que tem o explicativo título: "Daqueles que chegam ao principado pela perfídia". Mas se o manobrismo político, em estado lúdico e puro, explica Portas, só a psicologia das profundezas explica Passos. Vê-lo no sábado, articulando o conteúdo do "sólido" acordo alcançado entre os dois partidos da coligação, tendo a seu lado um Portas vigilantemente silencioso, evoca, com fulminante certeza, aquilo que o psicólogo e criminologista Nils Bejerot designou como "a síndrome de Estocolmo". Trata-se de um fenómeno que abrange cerca de 30% das pessoas que passam por situações de sequestro. Por um paradoxal mecanismo de minimização dos danos causados por uma situação de abuso, os reféns tendem a simpatizar e a identificarem-se com os seus captores. Apercebi-me disso a primeira vez, quando vi Passos transitar de adepto da mutualização da dívida europeia, a seu adversário radical, depois de meia hora de reunião com a chanceler Merkel. A dúvida que subsiste ainda é a de saber se o Presidente da República irá caucionar uma "solução" que transformará Portugal inteiro em refém da ideologia narcisista do novo chefe do governo. Ou, dito de uma maneira mais prosaica: a questão é a de saber se Cavaco Silva vai deixar a negociação das terríveis condições de um segundo resgate, entregue, precisamente, ao aventureiro político que o tornou inevitável.» [DN]
   
Autor:
 
Viriato Soromenho-Marques.
     
 Vamos ver o filme até ao fim?
   
«Caso o Presidente da República aceite, o que é o mais provável, o novo acordo de governo apresentado no sábado, ao fim do dia, pelo primeiro-ministro, o líder do CDS-PP acaba por levar a água ao seu moinho e substituirá Vítor Gaspar na liderança, de facto, do governo. Depois dos acontecimentos políticos desta semana, a mais alucinante das últimas décadas, que começou na passada segunda-feira e ainda não chegou ao fim, a lembrar o título de uma obra literária, de autor desconhecido, publicada nos anos 30, Romance com Cocaína, Paulo Portas, com uma jogada política de alto risco, apostando no tudo ou nada, alcançou para si e para o seu partido todos os seus objectivos.

As políticas de austeridade conduzidas por Vítor Gaspar produziram resultados catastróficos. Passados dois anos, o país está muito pior, empobrecido e debilitado, famílias e empresas, e nem sequer as brutais e sucessivas cargas fiscais ajudaram a consolidação orçamental. O governo está completamente isolado e vilipendiado por todos, incluindo as associações patronais. A demissão do ministro das Finanças, que se tornara o rosto do fracasso e do descrédito, permitia encerrar este ciclo da governação, e iniciar um "novo" ciclo. Mas Passos Coelho entendeu prolongar o aventureirismo suicida de Vítor Gaspar, promovendo, a ministra das Finanças, a secretária de Estado Maria Luís Albuquerque. Essa foi a gota de água que transbordou num copo que começou a encher praticamente desde a tomada de posse do governo. Quando Paulo Portas apresentou, na terça-feira, a sua demissão de ministro dos Negócios Estrangeiros como "irrevogável" era isso mesmo que queria dizer: não voltaria ao governo como ministro. Ou voltava com o poder de decidir ou acabava de vez com este governo e esta coligação. O pedido de demissão, apresentado como uma atitude "pessoal", serviu apenas para dar "maleabilidade" às previsíveis negociações, aos recuos e avanços a que a situação obrigasse, sem arrastar consigo o partido, em caso de insucesso. Instalado o pânico nas hostes da maioria, a porta de reentrada no governo escancarou-se. O resultado está à vista: vice-primeiro--ministro, coordenador das áreas económicas, das relações com a troika (meteu a ministra das Finanças no lugar que lhe compete - a de técnica) e da "reforma do Estado" - tudo o que verdadeiramente conta para definir a nova estratégia do governo no tempo que lhe resta. E o facto de Passos Coelho não poder recuar na nomeação da nova ministra das Finanças serviu para aumentar as contrapartidas. A leitura política dos acontecimentos até agora só pode ser uma: nesta luta pelo poder dentro do governo, melhor resultado para o CDS-PP e para Paulo Portas era difícil.

Quando, durante esta semana, o Presidente da República der o seu aval a este novo acordo, é de esperar um novo fôlego do governo, pelo menos até passar o cabo das eleições autárquicas, em finais de Setembro. O adiado congresso do CDS-PP, que estava preparado para ser um palco contra as políticas de Vítor Gaspar e de Passos Coelho, será, daqui a duas semanas, o local onde se sistematizará o novo discurso do governo. Depois, até Outubro, o modo como Paulo Portas, o novo "ideólogo", conseguir articular as áreas económicas, com as negociações com a troika, na oitava avaliação, e com as medidas draconianas previstas na "reforma do Estado", tudo áreas sob a sua coordenação, e os resultados que daí obtiver, ditarão o futuro do governo e a própria sobrevivência política do líder do CDS-PP. Tanto pode, em pouco tempo, capitalizar os ódios que caíram sobre o seu antecessor, Vítor Gaspar, como pode dificultar a vida a António José Seguro e ao PS. O histórico desta coligação e as relações com o primeiro-ministro formal funcionam contra Paulo Portas; algumas mudanças inevitáveis na Europa e a compreensão das consequências fatais da receita da troika funcionam a seu favor. Os próximos três meses são decisivos para perceber se este remendo produz os resultados esperados pelos seus protagonistas e se vamos ver o filme desta coligação até ao fim.» [i]
   
Autor:
 
Tomás Vasques.
   
   
 A Maria Luís foi imposta pela Alemanha
   
«Vítor Gaspar, que já estava a preparar a sua saída do Governo, tratou de convencer a troika e a Alemanha de que a escolha de Maria Luís Albuquerque era a melhor solução para Portugal continuar a aplicar o programa de assistência económica e financeira. E parece ter dado resultado, como se pôde constatar pelas declarações elogiosas dos vários responsáveis europeus aquando da sua nomeação, entre os quais – além do próprio Schäuble – do comissário europeu, Olli Rehn, Mario Draghi, presidente do BCE, e Jeroen Dijsselbloem, líder do Eurogrupo.» [CM]
   
Parecer:

OS alemães sempre tiveram a mania dos tóxicos.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»