terça-feira, janeiro 03, 2012

Onshores e offshores

O governo aproveitou o barulho do foguetório para, pela calada, pedir a Bruxelas a abertura da renegociação da offshore da Madeira, o local para onde os nossos estimados bancários e banqueiros costumam colocar os lucros a salvo dos portugueses. Ainda os papalvos estavam distraídos a ver o fogo-de-artifício que o Alberto João comprou com o nosso dinheiro e o super-merceeiro do Pingo Doce também aproveitou estes dias em que os vapores alcoólicos nos tornam mais tolerantes para se por a salvo da austeridade.

Um dos que mais se bateram pela queda do anterior governo, que mais exigiu um pedido de ajuda internacional com as consequentes medidas de austeridade, que usou o dinheiro dos contribuintes 8que deixou de pagar em impostos) para financiar uma fundação e comprar “intelectuais de esquerda2 para escreverem livrinho que anunciou em jeito de campanha eleitoral nas suas mercearias, é o primeiro a esquivar-se á austeridade e a mandar os seus concidadãos menos afortunados á fava.

Quis os destino que 2012 tenha começado pondo em evidência as sacanices e os sacanas que vivem das offshores, mas no silêncio dos deuses e a serem ignoradas pro todos continuam as onshores, gente que sem ter de sair do país ou do “Contenente” beneficiam de esquemas para se escaparem ao rigor dos tempos. Há muitas onshores, desde as fundações que servem para pagar as despesas domésticas e os pensos das amantes com o dinheiro dos contribuintes, até aquela que deverá ser a maior delas e provavelmente a mais oportunista, o Banco de Portugal, passando ainda por muitas outras como são os chamados reguladores, os gabinetes ministeriais e muitas outras.

No caso do banco de Portugal estamos mesmo perante um paraíso, para ser perfeito só faltava mesmo o lic. Costa mandar instalar uma praia artificial no logradouro do edifício da Rua do Ouro. Os principais responsáveis pela facilidade com que criminosos e oportunistas cometeram fraudes de milhares de milhões de euros no BN e BPP escaparam mais uma vez á austeridade e continuam a viver como se em vez de um banco central de um país pobre e desgraçado fossem um abastado banco suíço.

Beneficiando de uma sociedade de valores corruptos invocam a independência em relação ao governo para se porem a salvo das suas políticas. Em troca apoiam as medidas duras dos governos que lhes proporcionam o conforto. Desta forma uma administrativa do banco de Portugal vive melhor do que um médico de um hospital público e um estagiário benéfica dos subsídios porque o seu estatuto de independência é de um grau superior ao do presidente do Supremo Tribunal.

O ridículo chega ao ponto de todos os pensionistas perderem os subsídios mas os pensionistas que trabalharam seis anos no BdP continuam a beneficiar das suas pensões vitalícias, incluindo os subsídios. Compreende-se porque razão o fundo de pensões dos bancários tenha passado para o Estado mas o fundo de pensões de uma entidade do Estado tenha ficado de fora, deve ser para assegurar o estatuto de independência em relação ao poder executivo dos seus pensionistas, como, por exemplo, um tal Luís Cunha.

E se alguém imagina que este governo tocará na onshore do Banco de Portugal que se desiluda, quando sair do governo o m ministro das Finanças não vai querer ficar sujeito às consequências das suas políticas refugiando-se no seu BdP que para isso permanece com o seu estatuto de banco suíço com instalações com vista para a praia num paraíso tropical.