quinta-feira, janeiro 19, 2012

O Portas voltou a aparecer

Convencido de que havia uma boa notícia e que a podia agradecer aos seus dois ministros, Paulo Portas fez mais uma das raras aparições. O homem não caia nele de tanta excitação, o seu governo tinha conseguido o segundo milagre de Fátima e cabia a ele, o responsável pela diplomacia económica, ia já enviar o acordo para todas as embaixadas para que os embaixadores espalhassem a boa nova por esse mundo fora.

Já podemos imaginar os nossos embaixadores a abandonar o conforto das chancelarias para irem de empresa em empresa espalhar a boa nova nacional, que melhor do que o trabalho escravo só mesmo o que se conseguiu em Portugal. O governo português foi fiel à sua história, depois de ter sido o primeiro a globalizar o negócio de escravos, algo que agora nem conseguimos com o pastel de nata, vai ser o primeiro país do mundo ocidental a apresentar a coqueluche do desenvolvimento social, o empobrecimento de todo um povo.

Como portugueses já não precisamos de aturar finlandeses ou de ficar envergonhado junto dos alemães, não só somos o primeiro país a pedir voluntariamente que seja a Merkel a mandar em nós, como ainda somos mais merkelistas do que a própria Merkel. Por aquilo que se viu com o último corte de rating das moedas europeias até nos dispomos a fazer de pitbull da Alemanha, o governo alemão ficou calado e fomos nós que ladrámos pelos alemães, quando deveríamos ter concordado com as críticas que a agência de rating fez à Europa.

Paulo Portas é a imagem patética de um governo que deixa de ter a noção da realidade, um ministro descredibilizado é ultrapassado na concertação social, o Relvas transforma a RTP em centro de audiovisuais privativo e vai gastar milhões em Angola com um programa que ninguém viu, o ministro das Finanças trata de se assegurar que não perderá um tostão quando voltar ao banco de Portugal e o primeiro-ministro anda desorientado com o corte no rating e a subida nas taxas de juro da dívida soberana.

A direita falhou, o Finantial times diz que o país caminha para o default, o povo anda cabisbaixo, os restaurantes estão às moscas, o Gaspar deixou de aparecer em público para dar a cara e refugia-se no seu gabinete protegido por dezenas de soldados da GNR, o desemprego aumentam exponencial, os pobres revoltam-se na Loja do Cidadão do porto e o Portas tem um orgasmo com o acordo de concertação social.

Será que o Portas também ordenará aos seus embaixadores para que eles informem os investidores estrangeiros de que se investirem em Portugal terão de empregar os Catrogas e as Cardonas? Dar-lhes-á indicações quanto aos custos da corrupção? Dir-lhes-á quanto tempo terão de esperar pela mais simples licença?