quinta-feira, outubro 23, 2008

Umas no cravo e outras tantas na ferradura

FOTO JUMENTO

Loja de vinhos, Cascais

IMAGEM DO DIA

[Rupak De Chowdhuri / Reuters]

«Gris explosivo. Un trabajador manipula pólvora en una fábrica de fuegos artificiales en la ciudad india de Siliguri.» [20 Minutos]

JUMENTO DO DIA

Francisco Louçã

A crítica de Loução ao futuro fundo de investimento imobiliário é um bom exemplo de como ao "mau cagador até as calças empatam". O fundo foi pensado para evitar que muitos dos que deixam de conseguir pagar a sua prestação ao banco vejam a casa vendida em leilão e, muito provavelmente, postos na rua. Louçã lá descobriu que as casas seriam entregues ao fundo pelo valor da dívida residual, pelo que estaríamos perante uma enorme vigarice.

Bom, bom era ficar tudo na mesma.

DA FOME E DO MEDO

«Observamos em volta e reconhecemos, com uma clareza dolorosa, o estado do País. Portugal não desempata, e as forças em presença demonstram ser incapazes de enfrentar, com grandeza e, simultaneamente, com humildade, a agressividade de um sistema, o capitalista, que "poucas vezes, ou nenhumas, foi verdadeiramente democrático" [Emmanuel Mounier, in A Esperança dos Desesperados, ed. brasileira]. Agora, apela-se, dramaticamente, à participação activa da sociedade. Ao ponto de, há dias, na reunião com Sarkozy e Durão Barroso, o extraordinário Bush, cuja trágica inutilidade é componente da crise, ter afirmado: "É urgente construir o capitalismo democrático." Tudo isto, incompetência, leviandade, submissão, arrogância, mentira, tem abrangido o conjunto das condições da nossa existência. Parece que habitamos no interior das ameaças do "Leviatã" e o estado de guerra instalou-se, de uma forma ou de outra, no interior de todos nós. » [Diário de Notícias]

Parecer:

Por Baptista Bastos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

POPULISMO PARA AS ELITES

«Os propagandistas políticos costumam dizer que é bom poder resumir todo o programa eleitoral numa só palavra. Esse é um problema que Manuela Ferreira Leite tem a menos. Podem já começar a encomendar os cartazes e as bandeiras. "Hibernar" é a palavra que procuram. Portugal poderia fazer durante a crise aquilo que os ursos fazem durante o Inverno.

Existe em Portugal uma coisa a que gosto de chamar "populismo para elites". Consiste na primazia da sisudez sobre a seriedade. Entre "parecer responsável" e ser efectivamente responsável, todos os incentivos da nossa cultura vão para "parecer responsável". Um exemplo clássico é o "não falo por falar". Se a pessoa não tem uma única ideia para transmitir, resta proclamar o seu silêncio como uma grande virtude. O populismo para elites vem dos nossos períodos mais conservadores e abomina a "fantasia" e a "conversa" - ou seja, as ideias e o debate. O populismo para elites vai sempre pelo caminho mais fácil.

O populismo para elites abomina também as dívidas e o endividamento, pois claro. Quem gosta de dívidas? É sempre mais fácil ir pela aparência de responsabilidade - ser sempre contra qualquer tipo de dívidas - do que pela verdadeira responsabilidade - distinguir entre dívidas boas e dívidas más. E elas não são todas iguais: pedir dinheiro emprestado para um segundo carro não é a mesma coisa que pedir dinheiro emprestado para um segundo curso, mesmo que o segundo carro me saia mais barato do que o segundo curso.

O"não há dinheiro para nada" é sucesso garantido em Portugal. Seduz o fatalismo das elites portuguesas, que põem as culpas das suas falhas no país onde nasceram, e reforça-lhes a ideia de que o dinheiro gasto no povo é dinheiro mal gasto. Além disso, como o populismo para elites abomina a "conversa", acabou-se a conversa.

Na verdade, há sempre dinheiro - que já saiu ou vai sair dos nossos bolsos - para alguma coisa, e a democracia é uma longa conversa acerca de para onde deve ir esse dinheiro. Em todos os momentos, e especialmente em tempos de crise, essa conversa é crucial. O défice orçamental torna-a mais importante e não menos. Quanto menos folga temos, mais importante é saber onde a vamos gastar.

No próximo ano, eu e mais um par de milhões de portugueses não vamos votar em quem nos disser que "não há dinheiro para gastar". Vamos votar em quem nos disser onde gastar o pouco dinheiro que há. E, já agora, estamos também dispostos a ouvir que tipo de dívida seria compensada no futuro por um bom retorno.

Manuela Ferreira Leite já teve um ano inteiro para dizer que não havia dinheiro para o TGV, o aeroporto ou as auto-estradas. Se o TGV não é bom, seria talvez melhor investir no transporte público urbano? Se não há dinheiro para nenhuma das coisas, que pensa fazer em relação ao transporte privado e ao consumo de petróleo? Devemos subsidiar as energias alternativas ou esperar que elas amadureçam? Devemos dar subsídios de desemprego ou de formação? Investir no ensino superior ou no ensino básico? Bem pode dizer-me que já pediu estudos sobre isto tudo. Uma pessoa com décadas de política tem de ter prioridades. Bem pode dizer-me que não fala por falar. Eu já tinha ouvido essa desculpa duas vezes. À terceira, concluo simplesmente que não fala porque não sabe.» [Público assinantes]

Parecer:

Por Rui Tavares.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

MERKEL ESTÁ FARTA DAS BEIJOCAS DE SARKOZY

«A chanceler alemã Angela Merkel, que já não tolerava muito bem o beija-mão de Jacques Chirac, fez saber à embaixada alemã em Paris que detesta a maneira afectuosa como Nicolas Sarkozy a cumprimenta: beijos no rosto, abraços, mão no ombro, etc... Ela detesta que ele a toque e faz questão que o Eliseu saiba disso, escreveu o jornal suíço Le Matin, explicando que a chanceler alemã vai ao ponto de considerar como falta de educação as demonstrações do líder da França. Não é nada pessoal mas sim cultural.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Merkel tem alguma razão, Sarkozy é um pouco beijoqueiro.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Merkel se prefere Sócrates.»

AUMENTA O CRÉDITO MALPARADO

«Pelo menos 23 mil famílias portuguesas com empréstimos à compra de casa deixaram de ter as contas em dia com a banca. Nos primeiros oito meses do ano o total dos empréstimos hipotecários em falta atingiu os 1,51 mil milhões euros, um aumento (em termos absolutos) de 23,7% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com os dados ontem divulgados pelo Banco de Portugal. É no crédito ao consumo que se verificam maiores níveis de incumprimento. Até Agosto último, o colapso das famílias com os empréstimos - que significam 4,6% do total dos créditos concedidos, contra os 3,3% em 2007 - aumentou, em termos absolutos, 69,8%, em comparação com o total do mesmo mês do ano passado. Apesar deste cifrões, nem por isso, pelo menos até Agosto, a banca retirou o pé do acelerador dos empréstimos. É que os créditos aumentaram 23,7%, o que parece contrariar afirmações dos banqueiros relativas a um cenário de forte aperto nas condições na concessão de crédito. Em rigor, o endividamento financeiro das famílias deverá ser muito maior, já que nesta contabilidade não entram os empréstimos concedidos ao telefone por instituições parabancárias, bem como o "calote" nos leasing ou em ALD, de equipamentos ou carros ou no velho costume dos cheques pré-datados.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Começa a ser uma notícia recorrente.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «O BP que adopte medidas que disciplinem a prática dos bancos.»

PSD-M QUEIXA-SE DO OE

«A direcção do grupo parlamentar do PSD/Madeira solicitou esta semana uma audição ao Presidente da República e ao presidente da Assembleia da República. Nos documentos a que o DN teve acesso, os argumentos que sustentam os pedidos enviados a Cavaco Silva e a Jaime Gama são os mesmos, ou seja, o Orçamento do Estado e o PIDDAC para 2009 contêm "injustiças no que respeita às transferências orçamentais e aos investimentos para a Região Autónoma da Madeira (RAM), facto que contraria o previsto na Constituição e no Estatuto Político Administrativo desta região". » [Diário de Notícias]

Parecer:

Vão longe os tempos em que os votos dos deputados do Alberto eram necessários para aprovar orçamentos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao PSD porque não acompanha a posição dos deputados da Madeira.

ELEITORES DO PSD CONTRA SANTANA

«O PSD "faz mal" em avançar com Pedro Santana Lopes na corrida pela presidência da Câmara de Lisboa. Esta é a conclusão de uma sondagem CM/Aximage, que revela que 44,5 por cento dos inquiridos estão contra uma eventual candidatura do ex-primeiro-ministro. Apenas 38,7 por cento está a favor.

O próprio eleitorado do PSD não concorda com o nome de Santana Lopes para candidato do partido à Câmara da capital. De acordo com a sondagem, realizada entre os dias 14 e 16 de Outubro, 49,3 por cento dos inquiridos que votaram no PSD nas últimas eleições legislativas consideram que o partido 'faz mal' em apresentar Santana Lopes como seu candidato nas próximas eleições autárquicas. Mas 39 por cento disse concordar com uma eventual candidatura do ex-chefe do Governo. Já 9,5 por cento não tem opinião, enquanto 2,1 por cento não acha 'nem bem, nem mal'.» [Correio da Manhã]

Parecer:

MFL meteu-se num buraco.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Santana Lopes que salve a velha senhora abdicando da candidatura a Lisboa.»

PARTIDO REPUBLICANO GASTOU 150.000 DÓLARES PARA VESTIR PALIN

«O Partido Republicano gastou 150 mil dólares (cerca de 116 mil euros) para vestir e maquilhar Sarah Palin, candidata à vice-presidência dos Estados Unidos.

O principal órgão de recolha de fundos dos republicanos gastou dezenas de milhares de dólares em lojas de luxo de St. Louis, Nova Iorque e Minneapolis, foi divulgado no site "Politico". » [Jornal de Notícias]

Parecer:

Esta ideia de serem os partidos a vestirem os candidatos até faz algum sentido, por cá o PSD só teria a ganhar se comprasse uns trapitos a Manuela Ferreira Leite. Só não estou a ver qual seria a instituição de caridade a estar interessada nos trapos, depois de terminada a campanha.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se a sugestão.»

PADRE "CURIOSO"

«El párroco de la localidad sueca de Strängnäs ha decidido dimitir de su puesto después de que la red informática de la parroquia resultara infectada por virus informáticos como resultado de sus sesiones de navegación por webs de contenido pornográfico.

El clérigo ha admitido haber pasado mucho tiempo viendo páginas de Internet pornográficas, un gusto por las imágenes subidas de tono que podrían haber conocido sólo el y su Dios si no hubiera desencadenado la acción de un "virus informático letal", según informa The Register.» [20 Minutos]

OS ESPECIALISTAS DIZEM QUE OS BLOGUES VÃO MORRER

«Hace tiempo que los blogs no son la última expresión de la vanguardia de Internet, no han desaparecido del mapa, ni mucho menos, pero hay quien ya les está cavando una bonita tumba. La edición digital de Wired, revista de culto entre los tecnófilos, dice que son un fenómeno de 2004 superado por el exceso de publicidad y la huída de las estrellas, castigado por Google y falto de originalidad.

Los argumentos de Wired y otros críticos son variados. Insisten en que la blogosfera se ha llenado de basura, publicidad encubierta, opiniones copiadas de otras páginas, noticias sin sustancia y miles de bitácoras convertidas en granjas de enlaces cuyo único propósito es mejorar el posicionamiento en buscadores, cada vez con menos éxito.» [20 Minutos]

O JUMENTO NOS OUTROS BLOGUES

  1. O "Agora Blogo Eu" gostou da posição de Jerónimo de Sousa em relação aos resultados das eleições regionais dos Açores.
  2. O "PS Lumiar" aderiu à campanha contra o tráfico humano.
  3. O "Kitanda" gostou da fotografia de Vladimir Borowicz.
  4. Mais dois prémios "Dardos", desta vez vindos do "Ação Humana" e do "Tomar Partido".
  5. O "Xadrezismo" questiona-se porque razão ninguém diz a MFL "porque no te callas". A verdade é que andavam a perguntar-lhe porque não falas e o resultado foi o que se viu.
  6. O "Contador de Gaivotas" agradece, sem ter de o fazer, o link na coluna da direita.

HELP SWESEN [Link]

O povo do Gana decidiu promover uma campanha de ajuda aos pobres da Suécia? Trata-se de uma campanha original que visa colocar a ajuda ao desenvolvimento na agenda durante a presidência sueca da UE.

ANDY PROKH

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE