domingo, outubro 12, 2008

Umas no cravo e outras tantas na ferradura -

FOTO JUMENTO

Rabirruivo preto (fêmea) [Phoenicurus ochruros], Lisboa

IMAGEM DO DIA

[Loay Hameed/Associated Press]

«A car bomb killed 13 Iraqis and wounded at least 27 when it detonated in a market in Abu Dshir, a Shiite enclave in the Dora neighborhood of Baghdad, where Sunni-Shiite tensions had been running high last year. A man ran from the fiery scene after the bomb blast. » [The New York Times]

A MENTIRA DO DIA D'O JUMENTO

A CGTP prepara mais uma grande jornada de luta em Lisboa, estando já a mobilizar todos os meios, incluindo os autocarros das autarquias do PSD que costumam ser gentilmente emprestados para estas iniciativas. A grande manifestação promovida por Sócrates é para protestar contra a notícia de que vão haver mais desempregados, precisamente os trabalhadores portugueses mais mal pagos, sem direitos, sem beneficiar de quaisquer regras previstas no código laboral e sem direito à solidariedade pública de Jerónimo de Sousa, que não costuma perder estas oportunidades para vestir o facto de líder do proletariado e aparecer nas televisões.

Esta Manif contra a política neo-liberal de José Sócrates, mais um atentado contra as conquistas de Abril, terá a sua concentração junto ao Centro Vitória, na Avenida d Liberdade, de onde seguirá para a Soeiro Pereira Gomes, a sede do PCP, partido que, de acordo com as teses do congresso, se prepara para promover um despedimento colectivo.

Centrada na luta contra o desemprego a grande manifestação não esquecerá as outras desgraças da política de direita e neo-liberal de José Sócrates consubstanciadas neste documento:

Contra os despedimentos colectivos:

«A gestão, contenção e mesmo redução de despesas, particularmente daquelas que sendo custos de estrutura não implicam directamente com a acção política, designadamente a diminuição do peso relativo de funcionários sem tarefas de organização, de modo a contribuir para o equilíbrio financeiro indispensável à sustentabilidade do Partido e à manutenção da sua intervenção política.»

Contra o aumento dos preços:

«Com o aumento dos preços, a rubrica de «fornecimentos e serviços externos» aumenta (+18,06%), e a de «outros custos operacionais» diminui (-12,53%). Os custos com quadros cresceram 3,53% reflectindo um esforço de contenção. »

Contra a obsessão do défice:

«Exige-se que o trabalho na área financeira tenha como suporte orçamentos que tracem objectivos de aumento de receitas, planifiquem e estabeleçam limites às despesas e permitam um efectivo envolvimento colectivo no controlo de execução das medidas decididas.

O estabelecimento do objectivo do efectivo equilíbrio financeiro, que será alcançado com o empenhamento a todos os níveis na concretização de medidas que contribuam para a redução de despesas, incentivem o aumento de receitas (componente essencial do objectivo do equilíbrio financeiro) e diminuam a dependência das organizações regionais em relação à caixa central.»

Contra o aumento dos impostos sobre os mais pobres:

«O aumento da receita das quotizações, que depende unicamente das forças próprias do Partido, é indispensável e exige o aumento do número de membros do Partido com a quota em dia e do aumento do seu valor, tendo como referência 1% do vencimento (ou remuneração), responsabilizando mais camaradas pela sua cobrança em todos os organismos, tendo como referência 1 para cada 20 membros do Partido e potenciando o pagamento por transferência bancária e por Multibanco.»

Contra as receitas extraordinárias e a venda de património:

«As contas entre 2004 e 2007 apresentaram resultados negativos, sendo o resultado operacional de -2.101.707 euros, mais de 500 mil euros/ano. Só com o recurso a receitas extraordinárias, através da gestão do património, se fez face a esta situação. »

Contra as estatísticas duvidosas:

«Esta acção atingiu uma parte essencial dos seus objectivos com reflexos positivos na organização partidária. Quando está ainda por esclarecer a situação de cerca de 44 mil inscritos – apesar de serem provavelmente, em grande parte, pessoas cujo contacto se perdeu – é de prever que alguns milhares confirmem a sua qualidade de membros do Partido. »

Contra as avaliações dos funcionários:

«O fortalecimento do Partido exige, a par do trabalho regular a todos os níveis, a realização dum levantamento nacional dos quadros do Partido e a concretização duma acção geral de responsabilização, acompanhamento e formação de quadros. »

Enfim, faz o que eu digo, não faças o que eu faço.

DIFICULDADES DO BANCO DO CAVAQUISMO

É uma ironia do destino que o BPN tenha sido o primeiro banco português onde a crise financeira bateu à porta. Este banco com ramificações que vão desde as secretas a gente importante do PSD, foi um banco criado por Oliveira e Costa e Dias Loureiro, o primeiro foi simultaneamente secretário de Estado do Orçamento e tesoureiro do PSD, o segundo foi secretário-geral do PSD e ministro da Administração Interno. Ambos são hoje homens ricos, algo que não eram quando chegaram à política atrelados ao BX de Cavaco Silva.

JUMENTO DO DIA

José Pacheco Pereira

A propósito da "mão invisível" escrevia Pacheco Pereira no Público no passado dia 20 de Setembro:

«Naturalmente, como muita gente acha, os "mercados" são maus e injustos, esquecendo-se que são os mercados que estão a acabar com o Lehman Brothers e bem, que são os mercados que estão a fazer aquilo que autores clássicos da economia liberal como Schumpeter sempre disseram que faziam, destruir, que a destruição provocada pelas crises é um mecanismo fundamental de crescimento e de inovação, de pujança do modelo económico do capitalismo. A "crise" não é o sinal da crise do liberalismo, mas sim do seu normal funcionamento, em sociedades e economias que incorporam o risco e os custos como parte do seu funcionamento normal, das regras do jogo dessa mão que Adam Smith dizia ser "invisível".»

Vejamos o que escreveu na edição deste Sábado do mesmo jornal:

«E quem sai derrotado são os apóstolos do Estado mínimo e do mercado desregulado. Quem sai derrotado são aqueles que, durante anos a fio, enalteceram as virtudes imbatíveis de um mercado entregue a si próprio. Quem sai derrotado são aqueles que sempre professaram a sua fé na mão invisível do mercado, para agora, à falta da outra, reclamarem a intervenção da mão bem visível do Estado!»

Será que Pacheco Pereira conhece o significado da palavra coerência, não deve saber da mesma forma que ou tem pouca memória ou pouca consideração pela memória de quem o lê.

O FALHANÇO DE MANUELA FERREIRA LEITE

Manuela Ferreira Leite decidiu atirar-se à liderança do PSD quando já eram evidentes os sinais da crise financeira, estava convencida que as dificuldades económicas levariam muitos portugueses a verem nela uma salvadora, algo como um Salazar de saias dos tempos modernos. Porém, já é evidente que nem a crise financeira salvou esta liderança do PSD, o PS não só sobre nas sondagens como essas mesmas sondagens não a consideram a líder para enfrentar a crise.

A prestação de Manuela Ferreira Leite é bem menor do que muitos esperavam, o que só se pode explicar por estar a seguir os conselhos de alguém que avalia a realidade pelos mails dos visitantes do Abrupto.

COMBATE À CORRUPÇÃO

Até agora o combate à corrupção só serviu para promoção pessoal de uma ou outra personalidade que fizeram desta bandeira a solução fácil para encontrarem protagonismo social. A verdade é que a única solução que encontram é exigirem mais meios, começam por ocupar os cargos e depois queixam-se sempre de alguma coisa, primeiro era a legislação, depois eram as competências, agora são os meios. Entretanto vão subindo na vida sem terem mostrado quaisquer resultados palpáveis.

O JPP, A CRISE E O MAGALHÃES

Acho muito curioso ouvir o Pacheco Pereira acusar Sócrates de não entrar em reclusão financeira permanente para encontrar respostas para a crise, tal como fazem os outros governantes da Europa, segundo ele próprio diz. Sócrates só se deveria preocupar com a crise financeira, mas o Pacheco Pereira há um mês que se dedica a um único problema nacional, o Magalhães. E o que dizer de Manuela Ferreira Leite? Nada, Manuela Ferreira Leite tem a solução para a crise mas está a guardá-la para quando achar eleitoralmente oportuno falar. E o que dizer António Borges, ele próprio uma das vítimas da crise, pois foi despedido d Goldman Sachs quando esta começou? Desapareceu, deve estar lá pelo lado oculto da lua.

Este PSD de uma Manuela Ferreira Leite a dizer o que o Pacheco Pereira diz e a dizer o que o seu guru pensa chega a ser ridículo, tão ridículo que mesmo perante uma situação de gravidade e apesar da ajuda do grupo Impresa e do Público não para de descer nas sondagens.

A EXTREMA-ESQUERDA E O CASAMENTO GAY

Não deixa de ser divertido ver estalinistas, maoistas e trotskistas unidos em torno da causa do casamento gay, eles que durante décadas fizeram de conta que a homossexualidade não existia. Como seria de esperar o PCP foi mais cuidadoso, mas não quis deixar este novo mercado eleitoral nas mãos do BE e mandou os verdes ter a iniciativa, já que essa coisa dos gays é mais para os verdes do que para comunistas de barba rija.

Entretanto os projectos de casamento gay cumpriram a sua função, a disputa dos votos dos gays pelo BE e pelo PCP, mesmo que isso signifique adiar a solução por mais uns anos, já que estes partidos só voltarão ao assunto quando acharem que é eleitoralmente inoportuno, que só sucederá daqui a quase cinco anos.

ENQUANTO O MUNDO TREME

«O mundo real - e já não só a complexa teia de organizações e produtos financeiros - vive uma das piores crises de que há memória e registo. Diariamente, são anunciados milhares de desempregados por todo o mundo, bancos falidos e nacionalizados, injecções de capital astronómicas. O medo - que é o pior dos agentes nesta situação - instala-se um pouco por todo o lado, os investidores retraem-se, o dinheiro encarece e o futuro apresenta-se com o atractivo de um túnel escuro sem luz ao fundo.

Entretanto, no dia em que as bolsas de Nova Iorque e Tóquio tinham sofrido perdas históricas e em que as bolsas europeias estavam em vermelho carregadíssimo, a política nacional era dominada (no Parlamento e em muita Comunicação Social) por um debate que, no contexto actual, faz lembrar a orquestra que tocava valsas na noite em que se afundou o ‘Titanic’.

Claro que a crise económica não tem de apagar todas as iniciativas sociais, mas perante a gravidade dos tempos que passamos só ficaria bem aos proponentes adiar o debate, sem que isso fosse entendido como uma derrota ou uma cedência ao PS e ao Governo, os quais, como se sabe, não querem discutir o assunto antes das próximas eleições.

Também o folclore que se gerou à porta do Parlamento, organizado por algumas associações «gay», chega a ser chocante. Quando milhares de trabalhadores e pequenos (ou mesmo grandes) empresários temem pela sua segurança e pelo seu futuro, organiza-se uma espécie de festival como se os problemas do país se resolvessem com o casamento de duas pessoas do mesmo sexo.

O Expresso compreende a necessidade de um debate sério sobre o assunto. Mas não a sua urgência e menos ainda a oportunidade de ter sido ontem.» [Expresso assinantes]

Parecer:

No Editorial do Expresso.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

ONDE PÁRA MANUELA?

«Desde que chegou à liderança do PSD, Manuela Ferreira Leite optou por falar pouco, de modo a fugir à cacofonia política e dar mais força àquilo que diz quando, por fim, decide intervir. Era uma boa ideia. Os eleitores estão cansados de palavras vazias e de promessas furadas. Mas a líder do PSD levou tão a peito essa ideia que aquilo que se apresentava como uma opção táctica inteligente, desde que usada na medida certa, se tornou numa espécie de vício. Ou numa nova obsessão, para usarmos o termo a que, enquanto ministra das Finanças, Manuela recorreu um dia para definir a sua preocupação com o défice: a obsessão da mudez.
Esta ideia fixa de impor os seus próprios tempos e os seus próprios temas, evitando o comentário pontual sobre os assuntos que fazem a actualidade, leva a que a líder do PSD fique sempre à margem da discussão dos temas que realmente preocupam os eleitores. Por mais importante e controverso que seja o reconhecimento do Kosovo, por exemplo, ninguém compreende uma audiência “urgente” com o Presidente da República - uma audiência que o PSD nem se deu ao trabalho de explicar - quando a crise financeira ameaça virar o mundo do avesso e pouco se sabe sobre o que pensa disso a líder da oposição.
Luís Filipe Menezes tinha a obsessão oposta - a de estar sempre ‘no ar’ - e Manuela Ferreira Leite quis marcar a diferença. Muito bem. Mas nos tempos de perturbação e ansiedade em que vivemos, não pode esquivar-se à opinião sobre as mudanças extraordinárias a que o mundo assiste diariamente. E de uma pessoa que, além de ser candidata a primeira-ministra, tem formação e experiência na área das Finanças, espera-se muito mais do que dois ou três comentários avulsos e desconexos a zurzir o Governo.

A obsessão da agenda própria dá coisas ridículas como esta: a recusa em comentar o discurso do Presidente da República na cerimónia oficial do 5 de Outubro, que Manuela ouviu pessoalmente do princípio ao fim. Foi Paulo Rangel, o líder parlamentar do PSD, quem veio comentar, depois de todos os outros partidos o terem feito. Rangel é um político inteligente e arguto, sério na argumentação e com uma formação sólida - talvez a mais consistente e talentosa revelação da política portuguesa nos últimos anos. Lá justificou o silêncio da líder alegando que, para fundamentar uma opinião, era preciso ler com atenção o que disse o Presidente - algo que só diminuiu Manuela na comparação com os outros dirigentes, começando pelo primeiro-ministro.

A líder do PSD quis inaugurar um novo estilo e está a consegui-lo: é o estilo da líder ausente. Mas este estilo tem um pequeno problema. Nenhum eleitor se mobiliza para o voto num partido da oposição se a sua líder fugir a pronunciar-se e a apresentar propostas que o diferenciem do partido governamental. Disse Manuela um dia que o calado é o melhor porque, assim, os jornais só falam “das asneiras que o Governo faz”. Engana-se. Desde logo, o Governo não faz só asneiras. Depois, o país precisa de contrapontos e de alternativas ao poder socialista - e espera esse contributo do PSD. Além disso, para tornar as coisas ainda mais complicadas, vivemos uma situação original e com o seu quê de irónico. Depois de três anos atribulados por força do défice, depois dos insultos na rua, depois de lapidarmente frustradas todas as suas esperanças de um fim de mandato simpático para os eleitores, a mesma crise que sufoca o país dá um novo fôlego ao Governo que pode revelar-se fatal para o PSD: esta deve ser a primeira vez que, em ano de eleições, um Executivo em funções está autorizado a tomar todas as medidas populares que entenda sem que seja condenado por eleitoralismo. Os silêncios de Manuela não têm, pois, explicação. São apenas um sintoma e um disfarce da sua fragilidade como líder e da sua enorme solidão à frente do PSD.» [Expresso assinantes]

Parecer:

Por Fernando Madrinha.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS

«Em Fevereiro deste ano, a Universidade Católica publicava neste jornal um estudo de opinião que fazia o PS descer para os 39 por cento, pela primeira vez longe da maioria absoluta, e colocava o PSD a 7 pontos de distância (32%).

O JN titulava então essa sondagem de uma forma que achei injusta, mas não contesto: "Falta de credibilidade de Menezes afunda PSD".

Ontem, também no JN, a mesma sondagem periódica da Universidade Católica, mantém a mesma diferença entre PS e PSD, mas com o partido de José Sócrates com 41%, no limiar da maioria absoluta. A popularidade de Menezes, que justificava o título de Fevereiro era de 8,6%, a de ontem, de Manuela Ferreira Leite, era de 8 pontos percentuais! Com uma agravante, em Fevereiro somente 52% do eleitorado considerava que não havia alternativa ao Governo, agora esse valor subiu para 55%!

Ou seja, o anterior líder do PSD, apesar da campanha cerrada contra si vinda de todos os quadrantes, conseguiu melhor prestação que o "dream team" apresentado como salvador da pátria. Com uma diferença: o consulado do anterior líder, para além de permanentemente destroçado por um ruído ensurdecedor de impropérios e insultos, desenrolou-se com um primeiro-ministro imaculado, no auge do "glamour" da Presidência portuguesa da União Europeia, com a bandeira do défice controlado em alta, com as primeiras descidas de impostos a anunciar o fim da crise. » [Jornal de Notícias]

Parecer:

Por Luís Filipe Menezes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

PIO XII E BENTO XVI

«A polémica sobre o comportamento de Pio XII, Eugénio Pacelli, durante a ascensão do nazismo na Alemanha e, a seguir, durante a II Guerra Mundial ressurge periodicamente. Desta vez, foi o próprio Papa que o veio defender de uma história "nem sempre serena". Ao que parece, a "história serena", ou seja, aprovada pela Igreja, vê em Pacelli um precursor do Concílio Vaticano II e um corajoso protector dos judeus. Quanto ao resto não passa de um "lenda negra", espalhada por uma peça de teatro e por um livro de duvidosa qualidade académica, que já ninguém leva a sério. É com certeza cómodo ficar por estas simplificações. Mas, de facto, nem a pessoa, nem a carreira de Pio XII cabem na imagem conveniente do Papa mau ou do Papa bom. Torcer a evidência não adianta muito.

Como Núncio, Pacelli viveu na Alemanha entre 1917 e 1929 e, como secretário de Estado de 1929 a 1939, negociou uma Concordata com o III Reich. Hitler e o nazismo eram radicalmente anticatólicos: sobretudo os gauleiters das regiões do Sul, que nem Hitler conseguia "moderar". Logo em 1933, houve uma perseguição geral, que chegou ao espancamento e ao assassinato. A maioria do episcopado local achou que a submissão servil ao novo regime era a melhor garantia de sobrevivência. Neste clima, Pacelli negociou naturalmente a Concordata numa posição defensiva. Abandonou o catolicismo político e o sindicalismo católico para salvar o que podia da propriedade da Igreja, do direito de culto, da educação e da assistência. Claro que Hitler nunca cumpriu a Concordata. E que, protestando em privado, nunca, como secretário de Estado ou como Papa, Pacelli protestou dura e francamente em público. Pensava que uma resistência aberta provocaria Hitler a mais violência.

Esta tendência para o "apaziguamento", típica do tempo e da "classe" dele, não mudou com a ascensão ao Papado (1939), nem com o começo da guerra poucos meses depois. Pio XII, apesar de informado, não disse uma palavra sobre o massacre da população judaica e ortodoxa na Croácia, e só, em 1942, concedeu ao Holocausto quatro linhas de uma prosa inócua. Verdade que, a partir de 1943, Pacelli permitiu que a Igreja, especialmente em Roma, escondesse uns milhares de judeus (à volta de 4000), enquanto eram deportados uns milhares mais. Para um Papa, não impressiona. Só que Pio XII punha o interesse imediato da Igreja institucional muito à frente de qualquer outro. E, com prudência, com astúcia e uma diplomática abstenção perante os males do mundo, chegou a 1945 com uma Igreja forte e quase intacta. O que faz dele um político de talento e um santo difícil de engolir.» [Público assinantes]

Parecer:

Por Vasco Pulido Valente.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

COITADA DA MANUELA

«Os portugueses consideram que José Sócrates é o político português mais bem preparado para enfrentar a crise económica mundial. Este é o resultado de uma sondagem CM/Aximage que revela que o actual primeiro-ministro, apesar das críticas, é o político que reúne maior confiança junto dos eleitores para conduzir esta missão, com 37,6% dos votos.

O nome do chefe do Governo é seguido pelo da líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, na qual acreditam 17,8% dos portugueses. No terceiro lugar da lista de preferências está o Presidente da República, Cavaco Silva, que, de acordo com 13,3% dos entrevistados, é o político que está em melhores condições de enfrentar a crise económica. » [Correio da Manhã]

Parecer:

Não há uma única sondagem que mostre confiança na idosa senhora.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se conhecimento a MFL ... se a encontrarem.»

A GESTÃO BANDALHA DO PATRIMÓNIO MUNICIPAL DE LISBOA

«Entre os inquilinos destes palácios, que pertenceram a famílias nobres portuguesas e que são hoje em dia parte do património disperso da CML, estão instituições como a Polícia de Segurança Pública, que não paga renda pela ocupação do Palácio da Folgosa, a Santa Casa da Misericórdia, que está no Palácio Monte Real, na Rua se São Mamede ao Caldas, e não paga também nem um cêntimo. A Associação Nacional de Freguesias está no Palácio da Mitra, arrendado por 350 euros, o preço de um quarto em Lisboa. O Clube TAP Air Portugal está no Palácio Benegazil, onde paga 531,70 euros, e a Confederação do Turismo Português ocupa o Palácio Pancas Palha, onde paga 664,35 euros, ou seja o preço de um T1 ou T2 numa zona menos nobre da cidade.Mas os institutos também têm direito a preços de amigo. O Instituto de Estudos Estratégicos Internacionais paga 72,30 euros pelo Palácio de São Cristóvão, onde está ainda o Gabinete Português de Estudos Humanísticos, que paga a módica quantia de 53,46 euros. A Associação de Arquitectos Portugueses está no Palacete dos Banhos de São Paulo a custo zero, sem qualquer renda a pagar.

A maior leiloeira portuguesa ocupa centenas de metros quadrados no Palácio Marim Olhão, na Calçada do Combro, e paga de arrendamento o que muitas famílias pagam por um T3: 1.100,32 euros por uma das fracções. Uma firma de fixações, parafusos e outros metais chamada Pecol está no Palácio Alarcão, onde aluga duas fracções. Uma por 57,07 euros e outra por 62 euros. Um caso pouco exemplar é o do Palácio dos Távoras, na Mouraria, onde estão dezenas de inquilinos, com rendas que vão desde os 2,22 euros aos 58,89 euros. » [Diário de Notícias]

Parecer:

Isto é uma vergonha, enquanto a CML quase não existe, por falta de dinheiro, assistimos à delapidação do património imobiliário.

PS: Ontem o jornal Público dava a notícia mas omitia os beneficiários, para lhes proteger o direito à privacidade. Parece que o Público não encontrou nenhuma casa arrendada por Sócrates...

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Demitam-se todos os responsáveis envolvidos nestes maus negócios.»

BPN COM PROBLEMAS DE LIQUIDEZ

«O Banco Português de Negócios (BPN) recorreu ontem à Caixa Geral de Depósitos (CGD) para resolver uma situação emergente de falta de liquidez. Segundo o DN apurou junto de fontes ligadas ao banco presidido por Miguel Cadilhe, o BPN contraiu um empréstimo de 200 milhões de euros junto do banco público, para poder responder aos compromissos mais imediatos da sua gestão.Este montante corresponde, grosso modo, aos resgates de depósitos feitos junto desta instituição ao longo da última semana, com muitos clientes do BPN a acorrerem aos balcões do banco, perante a insistência de rumores de que estaria a enfrentar dificuldades acrescidas face ao agravar da crise financeira.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Era uma vez o banco do PSD.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Solicite-se uma opinião de Dias Loureiro.»

O PRESIDENTE QUE FALA SEMPRE VERDADE

«“Porque falo sempre verdade aos portugueses...”. Cavaco Silva, Presidente da República, invocou o seu exemplo pessoal para pedir aos agentes políticos (ao Governo, diz a oposição; a todos os partidos, garante a maioria) que não iludam a realidade, que falem verdade aos cidadãos. “A verdade gera confiança, a ilusão é fonte de descrença”, justificou. Mas será que Cavaco Silva, o político, nunca mentiu? Nem mesmo quando, em Outubro de 1995, garantia que ainda não tinha tomado uma decisão sobre se seria candidato às presidenciais de Janeiro de 1996? Viria a sê-lo, como se sabe (e perderia para Jorge Sampaio).» [Expresso assinantes]

Parecer:

Se Cavaco falasse sempre verdade agora estava à sombra de um coqueiro com vista para o mar.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Cavaco se já se esqueceu das trampas do país de sucesso e do oásis.»

POBRES DOS RICOS

«Outubro não é, em média, o pior mês nas bolsas mas está sempre associado aos maiores tombos. A ‘quinta-feira negra’ que marcou o início da crise de 1929 foi no dia 24 de Outubro e a maior derrocada de sempre da praça nova-iorquina em 1987 aconteceu a 19 desse mês. Esta semana, uma das piores de sempre nos mercados de capitais , reavivou as memórias da ‘maldição’. As bolsas estiveram altamente voláteis, num ambiente de pânico, fomentado pela sucessão de ameaças de falência de bancos, pelas intervenções de emergência de bancos centrais e governos para os tentar salvar e pelas perspectivas de recessão em alguns países.ia alfandega
»
[Expresso assinantes]

Parecer:

Os nossos ricos estão a passar um mau bocado, com metade das fortunas a esfumarem-se na bolsa.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se.»

MAIS UMA DOS BANQUEIROS CAVAQUISTAS

«O aperto das autoridades de supervisão decorreu também de denúncias apresentadas nos primeiros meses do ano, que dizem respeito a operações financeiras pouco transparentes, assim como a transferências de créditos incobráveis e financiamentos a empresas com ligações ao grupo. Segundo fonte próxima do BPN, “o Banco Insular apresenta um passivo de algumas centenas de milhões e está a ser preparada uma operação de transferência do seu passivo para o BPN Cayman”. Questionada sobre estas informações, a SLN não quis fazer quaisquer comentários.

As dúvidas em torno do Insular já levaram o BdP a chamar alguns ex-administradores da SLN e do BPN com o objectivo de os levar a prestar declarações. Alguns já foram declarados arguidos, como é o caso de Francisco Sanches, que permanece no grupo mas “sem funções atribuídas”. Segundo fonte próxima do BPN, mais dois ex-gestores foram constituídos arguidos. O Expresso contactou José Oliveira e Costa, mas sem sucesso.» [Expresso assinantes]

Parecer:

Esta SLN suscita cada vez mais dúvidas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Talvez seja tempo de as polícias e o fisco se começarem a preocupar com a SLN.»

MARCAS ILUMINAM LISBOA

«A partir de 15 de Novembro e até 6 de Janeiro, 39 ruas de Lisboa vão encher-se de luz e animação, no âmbito de um contrato assinado entre a Câmara Municipal de Lisboa (CML) e a empresa de publicidade exterior Multimedia Outdoor Portugal (MOP), que prevê também a utilização de 16 localizações da cidade como suportes de marketing e comunicação.

As iluminações na capital estão organizadas em torno de quatro temas, que dividem a cidade em quatro partes e são corporizados através de contos de Natal. ‘Os Três Reis Magos’, o ‘Quebra-Nozes’, ‘O Abeto do Natal’ e o ‘Cântico de Natal’ são as histórias escolhidas e que dão o mote aos diversos eventos que vão animar as ruas, em particular na Baixa. É que, além das luzes, o projecto vencedor prevê também a organização de sessões de leitura, ateliês de reciclagem, tertúlias, peças de teatro, concertos, entre outras iniciativas. Aliás, segundo Duarte Moral, assessor de imprensa da CML, a proposta apresentada pela MOP venceu a da concorrente JC Decaux por incluir esta componente lúdica. “A da MOP oferecia melhores condições, cobertura da cidade, espectacularidade e actividades”, justifica Duarte Moral.» [Expresso assinantes]

Parecer:

A falta de dinheiro aguçou o engenho dos autarcas da capital.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se.»

ISLÂNDIA À VENDA NO E-BAY POR 1 EURO

«A Islândia foi colocada à venda no site de leilões eBay a um preço de cerca de um euro. O acto partiu de um internauta que vive no Reino Unido e é o reflexo da grave crise financeira que assola o país, que levou já à suspensão da bolsa de valores de Reykjavík, a capital, até a próxima segunda-feira, escreve o jornal Folha online. » [Portugal Diário]

CAVACO PREOCUPADO COM AS CONSEQUÊNCIAS DA CRISE PARA AS FAMÍLIAS

«O Presidente da República Cavaco Silva manifestou-se hoje preocupado pelas eventuais consequências da crise financeira internacional nas empresas e famílias portuguesas, argumentando que a questão deve figurar no centro da agenda política nacional.» [Público]

Parecer:

Por aquilo que se diz a primeira vítima vai ser a família cavaquista do BPN.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se parta ver.»

AMANTE DE RAP CONDENADO A OUVIR 20 HORAS DE MÚSICA CLÁSSICA

«Un joven estadounidense que había sido condenado a pagar 110 euros por conducir con música rap 'a todo trapo' en el equipo de música de su coche, ha visto como el juez le ha reducido la condena a 35 dólares... y 20 horas de Beethoven, Bach y Chopin.

Andrew Vactor, de 24 años, no ha recibido la condena de buen agrado (sólo escuchó 15 minutos), y no por la música, dice, sino porque ese tiempo lo necesita para entrenar con el equipo de Baloncesto de la Universidad de Urbana (Ohio). "Prefiero pagar la multa entera, no tengo tiempo", ha declarado el joven. » [20 Minutos]

ESTADO DA CALIFÓRNIA ESTÁ SEM CRÉDITO

«El Gobernador de California, Arnold Schwarzenegger, ha advertido al secretario del Tesoro de EEUU, Henry Paulson, de que el Estado podría necesitar un préstamo federal de emergencia por valor de 7.000 millones de dólares en cuestión de semanas. El mercado de bonos de California, al igual que el de otros Estados, se ha congelado como consecuencia de la crisis del crédito. Este efectivo se destinaba a financiar las operaciones diarias gubernamentales y sin él, el Estado no puede ser solvente. Si la incapacidad de California para acceder a este mercado continúa, está en peligro la financiación de escuelas, y otras entidades públicas, además los funcionarios también podrían perder su trabajo. Un portavoz de la tesorería del Estado, Bill Lockyer dijo al diario estadounidense Los Angeles Times, que pedir un préstamo a Washington “es una opción que está sobre la mesa”. » [AmericaEconómica]

NUVEM [Flickr]

GOLFINHOS [imagem]

AMIZADE [Link]

ALEX V. DRAGON SEMENETS

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